Título: Alckmin faz campanha ao lado de Roriz no DF
Autor: Luciana Nunes Leal
Fonte: O Estado de São Paulo, 09/07/2006, Nacional, p. A7

O candidato do PSDB à Presidência, Geraldo Alckmin, participou ontem do maior evento deste início de campanha, um comício na cidade-satélite de Taguatinga, nos arredores de Brasília. Para tanto, pegou carona na popularidade do ex-governador do Distrito Federal Joaquim Roriz, candidato ao Senado pelo PMDB.

Cerca de 30 mil pessoas, segundo a Polícia Militar, ou 50 mil, segundo os organizadores, compareceram ao Parque da Facita, onde foi lançada a candidatura da tucana Maria de Lourdes Abadia ao governo do DF. Ela era vice de Roriz e assumiu a administração local quando o titular se afastou para poder disputar uma vaga no Senado. Ela concorre numa coligação formada por PSDB, PMDB, PTB e outros nove partidos.

Roriz esteve no centro das atenções. "Eu apoiei Geraldo Alckmin sem ele me pedir porque ele é a solução para o Brasil", disse o candidato peemedebista ao Senado. "O homem certo que vai solucionar os problemas do Brasil. Com ele, não vamos passar a vergonha que estamos passando." Maria de Lourdes foi além: "Alckmin é um enviado de Deus para salvar o Brasil." O momento mais aplaudido do discurso de Alckmin foi justamente quando ele elogiou Roriz e, por tabela, Maria. O candidato do PSDB à Presidência lembrou ter ganhado experiência ao trabalhar como vice do então governador de São Paulo, Mário Covas: "Eu era co-piloto de um grande comandante, assim como Abadia foi co-pilota de um grande comandante."

Alckmin atacou ainda o presidente Luiz Inácio Lula da Silva, candidato à reeleição. Anunciou que, em caso de vitória, fará "o governo do dito e feito", em oposição ao "governo do faz-de-conta que está lá no Palácio do Planalto".

O candidato fez referência à crise política gerada pela descoberta de um esquema de corrupção envolvendo o PT e criticou Lula por tentar se descolar das denúncias: "O governo do faz-de-conta é o governo de quem não viu, não ouviu, não sabia da corrupção. Este aqui é o palanque de quem diz e quem faz."

Em entrevista, Alckmin deixou claro que vai associar constantemente o governo Lula a dois pontos negativos: corrupção e ineficiência administrativa. "O centro da campanha é propositivo: educação e saúde com qualidade, geração de emprego. E, evidentemente, um governo que tenha princípios e valores", resumiu. O tucano apresentou promessas como implantar um cartão para facilitar o acesso de pacientes ao Sistema Único de Saúde (SUS). Em transporte, adotou um discurso voltado para o eleitor do Distrito Federal e prometeu trabalhar pela extensão do metrô até a cidade-satélite de Ceilândia.

Alckmin agradeceu o apoio de Roriz dois dias depois de o presidente Lula entregar a diretoria dos Correios ao PMDB em troca do apoio da maior fatia possível do partido, dividido na disputa presidencial. E reforçou as críticas ao comportamento de Lula. "O aparelhamento do Estado é um desserviço, perde eficiência e abre espaço para a corrupção."

No Distrito Federal, o tucano tem que contornar o confronto entre Maria Abadia e o candidato do PFL ao governo, José Roberto Arruda. O PFL integra a coligação de Alckmin, com o vice, José Jorge. No mês passado, Alckmin participou o lançamento da candidatura de Arruda e não poderia faltar à festa da companheira de partido.

Um dos partidos da coligação de Maria Abadia é o PT do B, pelo qual o empresário Sebastião Buani tenta uma vaga na Câmara. Em 2005, Buani confessou ter pago propina ao ex-presidente da Câmara Severino Cavalcanti para manter a concessão de seus restaurantes no Congresso. Cavalcanti renunciou ao mandato para escapar da cassação e Buani perdeu os contratos.

EUROPA

Alckmin embarca hoje para a Europa, onde cumpre agenda em Portugal e na Bélgica até terça-feira. Em Lisboa, encontra-se com o presidente de Portugal, Aníbal Cavaco Silva, e com o primeiro-ministro José Sócrates Carvalho Pinto de Sousa. Na terça, em Bruxelas, terá reunião com o presidente da Comissão Européia, José Manuel Durão Barroso. "Vamos conversar sobre política externa. A nossa política será muito mais ousada. Hoje, a questão ideológica e partidária está na frente do interesse nacional", disse.