Título: Justiça: 4 juízes do Supremo são indicações do presidente
Autor: Ariel Palacios
Fonte: O Estado de São Paulo, 09/07/2006, Internacional, p. A20
A Justiça foi freqüente alvo da fome de poder dos presidentes. Esse foi o caso de Juan Domingo Perón, que nos anos 40 renovou a Corte Suprema, colocando uma maioria de juízes fiéis. Carlos Menem também interferiu, aumentando o número de juízes de cinco para nove. Ali, colocou ex-sócios e amigos.
Kirchner não ficou atrás, ao designar quatro novos juízes para substituir os antigos. Mas, para garantir uma influência maior, provocou a renúncia de outros dois juízes, cujas vagas nunca foram ocupadas. Desta forma, o Supremo conta atualmente com sete juízes, dos quais cinco simpatizam com Kirchner. O costume de interferir na Justiça vem desde os tempos de governador de Santa Cruz, onde montou uma estrutura própria de juízes obedientes. Para isso, fez uma Corte provincial à medida, aumentando de três para cinco o número de juízes.
A última manobra de Kirchner para aumentar seu poder na Justiça foi a modificação, em fevereiro, do Conselho da Magistratura, órgão responsável pelas designações dos novos juízes. Na nova versão, o conselho terá 13 integrantes (em vez de 20). Cinco têm vínculos com Kirchner e podem bloquear decisões que precisem de dois terços dos votos.