Título: Exames não podem durar mais de 10 minutos
Autor: Ricardo Westin
Fonte: O Estado de São Paulo, 09/07/2006, Vida&, p. A28

As pessoas que buscam o auxílio-doença não encontram o melhor ambiente no INSS. As dificuldades surgem logo na marcação da perícia. É preciso esperar de duas semanas a alguns meses para ser atendido.

Numa das agências de São Paulo, as agendas de atendimento ficam coladas na porta dos consultórios. De acordo com os horários nesse papel, cada segurado não pode ficar mais de dez minutos lá dentro, pois atrasaria toda a agenda. A pressa é tanta que o perito às vezes nem espera o segurado sair da sala para gritar o nome do próximo.

Os consultórios normalmente são cubículos com finas paredes de madeira e sem ventilação. O único aparelho é um medidor de pressão pregado à parede, acima da cama de exames. Cerca de 1.500 médicos foram aprovados no último concurso, mas teme-se que não haja salas suficientes para todos.

Por todo lado, dentro e fora dos consultórios, há cartazes advertindo que "desacato ao perito médico é crime previsto no Código Penal" com pena de "detenção de 6 meses a 2 anos".

Nem todos os médicos vestem uniforme ou jaleco durante o trabalho. O INSS não pede dedicação exclusiva, permitindo que muitos trabalhem em outros lugares.

Além disso, o INSS não separa os profissionais por especialidade, o que significa que são grandes as chances de uma pessoa com uma doença no coração não ser avaliada por um cardiologista. Assim que são admitidos no INSS, o peritos precisam aprender tudo sobre o novo ofício num curso com duração de 40 horas.