Título: Paraguai deixa de importar frango
Autor: José Antonio Pedriali
Fonte: O Estado de São Paulo, 09/07/2006, Economia & Negócios, p. B7

O Paraguai suspendeu as importações de frangos e seus subprodutos do Brasil por causa do foco da doença de Newcastle, detectado esta semana no Rio Grande do Sul. A decisão foi tomada pelo Serviço Nacional de Sanidade e Qualidade Animal (Senacsa). A coordenadora do programa de prevenção de doenças avícolas do órgão, Nélida Ydooyaga, afirmou que a medida é necessária para "preservar nosso status sanitário de país livre da doença de Newcastle". Não há previsão para o levantamento do embargo.

O Paraguai é um grande importador de frango brasileiro, mas a maior parte do comércio é feito ilegalmente, facilitado pela proximidade com os grandes abatedouros do Oeste do Paraná, Estado que lidera a produção nacional de frangos. Em abril, a Associação de Avicultores do Paraguai solicitou que o governo apertasse o cerco ao contrabando, já que em apenas um dia cinco toneladas haviam sido apreendidas na região de Ciudad del Leste. Não há, portanto, número confiável sobre o volume de frango vendido para o Paraguai.

O cerco ao contrabando, feito por fiscais da Senacsa nas proximidades da Ponte da Amizade, que liga os dois países, precisou ser reforçado por soldados da Marinha, porque um grupo de contrabandistas havia agredido os fiscais e ameaçavam radicalizar. Frangos abatidos ou vivos e ovos são introduzidos ilegalmente no Paraguai até em ônibus convencionais. O centro de distribuição dos produtos contrabandeados é Ciudad del Leste.

EXPORTAÇÕES

O embargo de 58 países à carne bovina brasileira, conseqüência dos focos de febre aftosa no Mato Grosso do Sul e Paraná, está incentivando as exportações paraguaias. O Paraguai é reconhecido como região livre de aftosa com vacinação, status renovado há dois meses pela Organização Internacional de Saúde Animal (OIE).

Nos seis primeiros meses deste ano, o Paraguai exportou 125 mil toneladas de produtos e subprodutos de origem animal, faturando US$ 253 milhões. No mesmo período do ano passado, as exportações do setor foram de 91 mil toneladas, com faturamento de US$ 152 milhões. A previsão inicial de exportar US$ 450 milhões este ano deverá ser superada. O Senacsa, no entanto, teme que esses números estejam inflados. No mês passado foram destruídas 525 toneladas de carne de porco introduzidas ilegalmente no país. O carregamento veio da China, onde os controle sanitários são ineficientes, e seria despachado para a Rússia como se fosse originário do Paraguai.