Título: PCC monitorava rádio da polícia
Autor: Alessandra Pereyra
Fonte: O Estado de São Paulo, 09/07/2006, Metrópole, p. C1

Não é só a polícia que escuta o PCC. Os líderes do Primeiro Comando da Capital (PCC) estavam monitorando as comunicações de todos os batalhões e distritos da Grande São Paulo e de Santos. Mantida em sigilo até agora, a descoberta foi feita pelo Departamento de Investigações sobre o Crime Organizado (Deic), a partir da localização dos documentos contábeis da facção. A polícia suspeita de que a ¿escuta do crime¿ continua a existir.

O Deic apreendeu com um integrante da cúpula três páginas com as freqüências de rádio usadas pelos policiais. Trata-se da comunicação analógica por meio da qual os Centros de Operações das Polícias Civil e Militar despacham equipes. Ali estão listadas as oito delegacias seccionais na capital e departamentos de elite, como o de Homicídios e Proteção à Pessoa (DHPP) e o de Investigações sobre Narcóticos (Denarc). Há ainda outra freqüência de muito interesse do PCC: a do Grupo de Operações Especiais (GOE), responsável pela segurança das delegacias e de carceragens, como a de Pinheiros.

A escuta, no caso da PM, era mais tímida. O PCC dispunha das freqüências usadas por 13 batalhões, 8 deles em São Paulo. As anotações mostram que os bairros que mais interessavam à facção estavam nas zonas leste e sul, áreas em que o PCC mais arrecada dinheiro com o tráfico de drogas, de acordo com a contabilidade mantida por Deivid Surur, o DVD, preso pelo Deic em julho de 2005. O documento feito por DVD foi mantido até agora em sigilo pela polícia. Foi em um anexo dele que a polícia encontrou as listas com as freqüências de rádio.