Título: Alckmin reduz vantagem de Lula, que ainda vence no primeiro turno
Autor: Carlos Marchi
Fonte: O Estado de São Paulo, 12/07/2006, Nacional, p. A4

Em seu primeiro avanço vigoroso, o candidato do PSDB à Presidência, Geraldo Alckmin, subiu 6,9 pontos porcentuais na simulação de primeiro turno da pesquisa CNT/Sensus, chegando a 27,2%. Eram 20,3% em maio. Mas o presidente Luiz Inácio Lula da Silva também subiu 3,6 pontos, chegou a 44,1% (42,7% em maio) e ainda venceria no primeiro turno, embora com uma margem bem mais estreita. Para Ricardo Guedes, diretor do Sensus, Alckmin "se transformou num candidato competitivo".

Alckmin, em maior margem, e Lula foram beneficiados por três fatores, segundo Guedes: a redução do índice de indecisos; a divisão do espólio de Anthony Garotinho (PMDB), Roberto Freire (PPS) e Enéas Carneiro (Prona), que saíram da disputa; e, por fim, uma exposição pública mais intensa de ambos. Desde janeiro, Lula cresceu apoiado na publicidade oficial massiva e na grande visibilidade que os eventos lhe deram; em junho, Alckmin foi ajudado pelos programas e pelas inserções publicitárias do seu partido.

A pesquisa apontou que Lula venceria Alckmin no primeiro turno, com 55% contra 34% dos votos válidos (56,1% a 26,7% em maio). A senadora Heloísa Helena (PSOL-AL) ficou com 5,4% (8% em maio) e o senador Cristovam Buarque (PDT-DF), 1,4% (0,5% antes). Os efeitos negativos que abalaram um e outro - corrupção e crise da Bolívia (contra Lula) e as rebeliões da facção criminosa PCC (contra Alckmin) - foram processadas pelo eleitorado, disse Guedes.

Alckmin cresceu em todas as regiões, menos no Nordeste, onde ficou estável. Mas seu movimento maior foi no Sudeste, onde subiu 10 pontos porcentuais (de 33,9%, em maio, para 43,9%, agora). Lula caiu 4,2 pontos no Norte e Centro-Oeste e alguns décimos, dentro da margem de erro, no Sudeste, crescendo um pouco no Sul e no Nordeste.

Curiosamente, a simulação de segundo turno - apenas virtual, já que Lula sairia vitorioso no primeiro - apresenta o melhor desempenho de Alckmin. Nela, ele subiu 4,5 pontos porcentuais (de 31,3%, em maio, para 35,8%), enquanto Lula permaneceu estável (48,8% em maio e 48,6% agora). A diferença entre os dois, que era de 17,5 pontos há dois meses, agora caiu para apenas 12,8 pontos, o que significa que bastaria a Alckmin virar 6,5 pontos porcentuais para passar à frente.

ABSTINÊNCIA

Todos esses números serão, agora, submetidos à síndrome de abstinência de exposição pública: até 15 de agosto, quando começa a propaganda eleitoral gratuita, os candidatos tentarão elevar seus índices apenas com os comícios, eventos e as aparições no noticiário normal da mídia. Na televisão e no rádio, veículos que têm público maior e são tratados com mais rigor pela Lei Eleitoral, as exposições dos dois candidatos terão divisão equânime de aparições. "Os grandes movimentos só virão com a propaganda eleitoral, a partir de agosto", apostou Guedes.

Alckmin melhorou seus índices na mensuração do limite de voto e da rejeição. Ele foi apontado como o "único em que votaria" por 16,3% dos eleitores (12,6% em maio); Lula foi citado por 32,7% (32,1% em maio). E 36% (29,7% em maio) disseram que "poderiam votar" em Alckmin, enquanto 29,7% (27,3% em maio) dizem o mesmo a respeito de Lula. Na rejeição, Alckmin melhorou 4,8 pontos: 35,8% disseram que não votariam nele "de jeito nenhum" (40,6% em maio); Lula também se saiu bem - de 34,7% em maio para 32,4%.

A euforia geral, porém, continua do lado do presidente: 56,7% (49% em maio) disseram acreditar que ele vencerá a eleição presidencial, enquanto 18,9% (13,7% em maio) acham que o vitorioso será Alckmin. A nota preocupante da pesquisa foi que 39,8% dos eleitores afirmaram não ter nenhum interesse nas eleições presidenciais. O índice sobe para 44,3% nas eleições de governadores e para impressionantes 50,9% nas eleições parlamentares.