Título: Candidato critica política externa
Autor: Reali Júnior
Fonte: O Estado de São Paulo, 12/07/2006, Nacional, p. A5

O candidato do PSDB à Presidência da República, Geraldo Alckmin, fez críticas ontem à política externa do governo do presidente Luiz Inácio Lula da Silva, centrando fogo sobretudo nas dificuldades do País nas negociações comerciais. O tucano manteve a estratégia de utilizar o atual giro pela Europa para reforçar sua imagem como político sintonizado com as grandes questões do mundo globalizado.

Durante sua passagem por Paris , após uma visita a Portugal e à Comissão Européia, em Bruxelas, Alckmin disse que "o Estado subnacional é mais limitado em matéria de política externa", ao explicar o fato de só agora estar investindo mais em contatos internacionais.

Assim mesmo, disse o tucano, como governador de São Paulo esteve na Itália, China, Índia, Japão e Grã-Bretanha, para citar alguns dos países visitados, onde manteve contatos com seus principais dirigentes.

Foi assim que ele respondeu a uma pergunta se não havia demorado muito para iniciar a construção de sua imagem internacional, o que outros candidatos fizeram em campanhas anteriores, a exemplo de Fernando Henrique Cardoso, Leonel Brizola, Fernando Collor e do próprio presidente Luiz Inácio Lula da Silva, candidato do PT à reeleição.

Como candidato à sucessão, o ex-governador considera cada vez mais importante tratar das questões internacionais no mundo globalizado, o que explica sua presença atualmente na Europa, marcando posição mais ofensiva em matéria de política internacional.

Ele disse que o atual governo tem dificuldades nessa área, como, por exemplo, nas negociações comerciais de Doha e no Mercosul, onde elas se encontram praticamente paralisadas. No caso do Mercosul, Paraguai e Uruguai recentemente demonstraram descontentamento com o papel de coadjuvantes no bloco econômico, reclamando mais apoio e facilidades.

O candidato tucano apontou vários pontos negativos da política externa imposta pelo atual chefe de Estado. Ele tratou desses temas com o primeiro-ministro português José Sócrates e com o presidente da Comissão Européia, José Durão Barroso.

Sobre eventuais divergências entre os partidos que o apóiam, principalmente o PSDB e o PFL, Alckmin, que estava acompanhado pelos presidentes do PSDB, Tasso Jereissati, e do PPS, Roberto Freire, disse que não é fácil fazer coligação, lembrando que Lula, até agora, só conseguiu formalizar uma aliança com PCdoB e PRD.

Quanto à forma de conduzir a campanha, o tucano defendeu uma prioridade positiva e acrescentou: "Campanha a gente conquista e não obriga. Campanha é convencimento. O povo vai decidir quem pode fazer mais nos próximos quatro anos."

Para o candidato, a questão fiscal não pode mais ser adiada e a reforma tributária não teve efeitos positivos. Geraldo Alckmin acha que o Brasil necessita de uma maior inserção internacional, mas para isso é preciso ter condições de eficiência, o que, para ele, não é o caso da atual administração federal.