Título: Lula exige de ministros esforço para ficar à frente
Autor: Luciana Nunes Leal e Leonencio Nossa
Fonte: O Estado de São Paulo, 12/07/2006, Nacional, p. A6

Empenhado em buscar a reeleição, o presidente Luiz Inácio Lula da Silva reclamou ontem dos limites para fazer campanha e exigiu um esforço extra dos ministros. Na primeira reunião do ano com todo o alto escalão do governo, Lula se queixou de suposta rigidez da Justiça na interpretação da Lei Eleitoral, recomendando como seus auxiliares devem agir.

Durante as sete horas do encontro, realizado no Salão Oval do Palácio do Planalto, o presidente pediu cuidado com o Tribunal Superior Eleitoral (TSE). "Os ministros não precisam defender o candidato, mas têm obrigação moral de defender o governo", disse Lula, segundo relato do ministro das Comunicações, Hélio Costa.

Para municiar a equipe de dados que podem ser úteis na campanha, os ministros da Fazenda, Guido Mantega, e da Casa Civil, Dilma Rousseff, fizeram longos relatos apresentando números positivos nas áreas econômica e social. Lula afirmou que os ministros devem se empenhar sem parecer que estão em campanha, limitando aos discursos de palanque as comparações com o antecessor, Fernando Henrique Cardoso.

"Afinal de contas, todos vocês sabem que os únicos candidatos aqui somos eu e o Alencar", observou Lula ao ministros, referindo-se ao vice-presidente José Alencar. "Vocês têm que continuar fazendo a tarefa cada vez melhor, cada vez com mais eficácia", pediu ele.

O presidente explicou que na campanha eleitoral não apresentará "um programa novo" de governo, mas defenderá a continuidade do que já está em execução. Depois da reunião ministerial - a 13ª desde o início do governo -, Dilma disse que os auxiliares de Lula não devem parar. "Governaremos até o dia 31 de dezembro", afirmou o presidente, de acordo com ela. "Esse é nosso desafio."

A ministra insistiu em negar que a reunião tinha como objetivo organizar a campanha pela reeleição. "Me desculpe, eu estava lá e você não estava", respondeu ela, diante de uma pergunta sobre o clima eleitoral do encontro. Dilma disse, porém, que está à disposição dos coordenadores de campanha para colaborar em horário de folga. "Sou uma cidadã, e ministra não é um extraterrestre."

O ministro da Fazenda seguiu a mesma linha. "Não tem problema subir em palanque fora do horário de trabalho", disse. Mantega prometeu, no entanto, manter distância de atividades mais festivas. "Não tenho perfil de comício."

Na primeira parte da reunião, o ministro da Justiça, Márcio Thomaz Bastos, avaliou que a interpretação da Lei Eleitoral deverá ser mesmo "dura" e as comparações com a gestão FHC não podem ser feitas em eventos do governo, pois isso caracterizaria propaganda ilegal. Até agora, Lula vinha fazendo esse tipo de comparação praticamente todos os dias.