Título: Há indícios contra 3 senadores
Autor: Sônia Filgueiras
Fonte: O Estado de São Paulo, 12/07/2006, Nacional, p. A10

O vice-presidente da CPI dos Sanguessugas, deputado Raul Jungmann (PPS-PE), afirmou ontem que há indícios de envolvimento de pelo menos três senadores no esquema de compra de ambulâncias e equipamentos hospitalares com dinheiro de emendas parlamentares.

Jungmann não divulgou os nomes, mas, segundo uma autoridade que acompanha as investigações, trata-se de Serys Slhessarenko (PT-MT), Magno Malta (PL-ES) e Ney Suassuna (PMDB-PB) - este último já investigado pela Polícia Federal. Os nomes foram citados à Justiça pelo empresário Luiz Antônio Vedoin, um dos donos da Planam, principal empresa do esquema, e confirmados por Ronildo Medeiros e Darci Vedoin, empresários também acusados, em depoimentos ontem a integrantes da CPI, em Cuiabá.

A CPI também já sabe que 62 parlamentares passaram a integrantes do esquema suas senhas exclusivas fornecidas pelo Ministério da Saúde para controle e acompanhamento de projetos para compra de ambulâncias e equipamentos. "Não é uma prova cabal de envolvimento, mas esses parlamentares têm que se explicar", diz Jungmann. Segundo ele, os empresários informaram ainda à CPI que contavam com a ajuda de integrantes "de médio escalão" do Executivo.

Luiz Antônio Vedoin afirmou que Suassuna teria conhecimento do esquema, mas que os contatos eram feitos com seu assessor Marcelo Cardoso de Carvalho, demitido após o escândalo. Por meio de sua assessoria, Suassuna nega qualquer relação com o esquema e informa que nunca soube das relações de seu assessor com esses empresários.

Conforme os empresários, o contato para discussão de emendas, no caso da petista Serys, seria com um familiar da senadora. Procurada pelo Estado, ela negou conhecer integrantes do esquema ou ter tido envolvimento com ele. "Não tenho qualquer relação com essas empresas. Fiz emendas a pedido dos prefeitos, e são as prefeituras que conduzem o processo", afirmou. "Não sei por que isso aparece agora. É um jogo infame", completa ela, candidata ao governo de Mato Grosso.

Magno Malta teria chegado a negociar emendas com o grupo, mas acabou não inscrevendo as propostas no orçamento.

O senador se encontra em viagem aos Estados Unidos, mas na noite de ontem divulgou nota à imprensa negando envolvimento. "Repudio terminantemente qualquer acusação de envolvimento em ações ilícitas ou recebimento de propina contra a minha pessoa", afirmava o texto. O senador disse ainda que "nunca e em nenhum momento" conversou ou manteve contato "com o Sr. Vedoim ou qualquer outro funcionário, representante, dirigente da empresa Planam" e que põe suas emendas à disposição para auditoria.

Malta qualificou a citação de seu nome de "insanidade, feita de forma leviana, errada, injusta e caluniosa" e prometeu medidas "legais e judiciais" para o caso.