Título: Inteligência culpa grupo radical da Caxemira
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Fonte: O Estado de São Paulo, 12/07/2006, Internacional, p. A12

Apesar das escassas pistas, fontes da inteligência indiana atribuíram os atentados de ontem em Mumbai a células do grupo paquistanês Lashkar-i-Toiba (Soldados da Pureza) e ativistas locais do Movimento de Estudantes Islâmicos da Índia, informou o jornal The Times of India. Segundo as fontes, células do Lashkar proliferam no Estado de Maharashtra, cuja capital é Mumbai.

Mas um homem que se identificou como Abdullah Raznavi e disse ser porta-voz do Lashkar negou que sua organização esteja por trás dos atentados. Em telefonema à agência de notícias indiana PTI, Raznavi também condenou os atentados.

O Lashkar é um dos mais ativos grupos extremistas que buscam obter a independência da Caxemira indiana (área de maioria muçulmana no norte do país, que é majoritariamente hindu) ou a união desse território à Caxemira paquistanesa. Fundado no fim dos anos 80, esse grupo muçulmano sunita conquistou apoio entre os separatistas por causa de seu envolvimento em 1999 no conflito de Kargil (quando soldados paquistaneses invadiram o território sob controle da Índia) e por enviar seus membros em missões suicidas contra postos militares em várias partes da Caxemira indiana.

Depois dos ataques lançados em 11 de setembro de 2001 pela Al-Qaeda nos EUA, o Paquistão pôs na ilegalidade o Lashkar, que se dividiu em vários grupos. Mas, após o terremoto de outubro no Paquistão e em partes da Caxemira, o governo paquistanês autorizou o Lashkar a voltar a coletar fundos abertamente - alegadamente para a reconstrução das áreas afetadas -, e muitos de seus escritórios foram reabertos.

Dezenas de grupos, a maioria com base no Paquistão, foram responsáveis por ataques contra alvos indianos na última década. Mas o Lashkar-i-Toiba e o Jaish-i-Muhamad (Exército de Maomé) são considerados os mais mortíferos.