Título: Terror mata 190 em trens na Índia
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Fonte: O Estado de São Paulo, 12/07/2006, Internacional, p. A12

Sete explosões atingiram ontem o sistema ferroviário de Mumbai (ex-Bombaim), a capital financeira da Índia, matando pelo menos 190 pessoas e ferindo mais de 660 na pior série de atentados dos últimos 13 anos no país, informaram as autoridades à Associated Press. Segundo a TV CNN-IBN da Índia, uma oitava bomba foi desativada pela polícia. Nenhum grupo assumiu a autoria dos ataques, mas a quase simultaneidade dos atentados que atingiram os trens é característica das ações dos radicais separatistas da Caxemira, considerados terroristas pela Índia e responsabilizados por vários atentados no passado. As autoridades decretaram estado de alerta em todo o país e reforçaram a segurança em estações e aeroportos.

Com 18 milhões de habitantes, Mumbai é um alvo fácil para terroristas que queiram causar o máximo de dano e destruição. Mais de 6,5 milhões de pessoas, na maioria de baixa renda, chegam e voltam para os subúrbios nos trens abarrotados.

Os atentados ocorreram na hora do rush (entre 18h24 e 18h35), quando um trem de passageiros com nove vagões chega a transportar 4.500 pessoas, três vezes sua capacidade. Espremidos e ansiosos para voltar para casa após um dia de trabalho, dificilmente os trabalhadores de Mumbai notariam um pacote ou uma sacola suspeita.

O caos tomou conta do sistema ferroviário da cidade após os atentados, enquanto as autoridades tentavam avaliar a gravidade da situação. Em pânico, os passageiros fugiam das estações, enquanto as autoridades suspendiam todos os serviços de trens de subúrbio. A busca por informações causou o colapso das linhas de telefones celulares. As tevês mostravam os metais retorcidos dos vagões atingidos pelas explosões, vítimas estendidas no chão e pessoas com roupas ensangüentadas carregando mortos e feridos, muitos mutilados.

Horas depois dos atentados, ambulâncias continuavam chegando aos superlotados hospitais de Mumbai, que pediam à população que doasse sangue. Centenas de voluntários apresentaram-se para ajudar no serviço de emergência, enquanto milhares de pessoas procuravam informações sobre parentes e amigos. "Falei com ele 10 minutos antes de ele morrer", disse Haji Mastan, que chorava descontroladamente após saber da morte do sobrinho Mukti Darvesh. "Ele era tão jovem, era uma criança."

A primeira explosão ocorreu em um trem na estação de Khar. Um repórter da CNN-IBN, que viajava no trem, disse que a explosão foi no vagão da primeira classe. Segundo a polícia, todas as explosões ocorreram em trens. Alguns estavam parados nas estações e outros, em movimento.

O primeiro-ministro indiano, Manmohan Singh, declarou que as explosões foram obra de terroristas e convocou uma reunião de emergência do gabinete. Os atentados ocorreram horas após ataques que mataram oito pessoas em Srinagar, principal cidade da Caxemira indiana, no norte do país.

Dezenas de grupos militantes vêm combatendo o domínio indiano de parte da Caxemira, exigindo a independência da região de maioria islâmica ou sua união com o Paquistão, inimigo histórico da Índia. O presidente do Paquistão,Pervez Musharraf, condenou os atentados, assim como vários países ocidentais como EUA, França e Grã-Bretanha, que esta semana lembrou o primeiro aniversário dos ataques a Londres.