Título: Gabrielli não vê contradição
Autor: Jacqueline Farid
Fonte: O Estado de São Paulo, 12/07/2006, Economia & Negócios, p. B3

O presidente da Petrobrás, José Sérgio Gabrielli, disse ontem que não vê "nenhuma contradição" no fato de o governo brasileiro oferecer financiamentos à Bolívia por meio do Banco Nacional de Desenvolvimento Econômico e Social (BNDES), no momento em que se negocia o preço do gás boliviano. "São duas coisas diferentes", afirmou. "Essa (o empréstimo) é uma decisão do governo brasileiro, e é importante que o governo mantenha relações com a Bolívia. Não tem por que o Brasil não manter boas relações com os bolivianos."

Conforme noticiou ontem o Estado, o BNDES iniciou negociações com o governo de La Paz para financiar a importação, pela Bolívia, de produtos brasileiros, especialmente tratores agrícolas. Questionado se a decisão de financiar a Bolívia poderia ser interpretada como um gesto de boa vontade do governo brasileiro para tentar evitar um possível reajuste de preço do gás, Gabrielli limitou-se a repetir: "São coisas diferentes."

Ele reforçou que a negociação está transcorrendo no âmbito técnico, dentro do que prevê o contrato entre a Petrobrás e a estatal boliviana Yacimientos Petrolíferos Fiscales Bolivianos (YPFB).

Sobre as declarações do ministro boliviano de Hidrocarbonetos, Andrés Soliz Rada, de que as eleições presidenciais em outubro estariam fazendo com que o governo brasileiro fosse mais duro na negociação, Gabrielli disse que não fala nem em nome do governo brasileiro nem do boliviano. "A Petrobrás está sentada à mesa de negociações, tratando tecnicamente do assunto."