Título: Lembo diz que presos fazem encenação em Araraquara
Autor: Rita Magalhães
Fonte: O Estado de São Paulo, 12/07/2006, Metrópole, p. C1

O governador Cláudio Lembo (PFL) disse ontem, em Campinas, que as cenas do pátio lotado na penitenciária de Araraquara "foram encenadas por um grupo de presos". Enquanto isso, em Araraquara, a Tropa de Choque da Polícia Militar entrou no presídio para ajudar na transferência de parte dos detentos confinados em um pátio para outra ala, reaberta depois que um túnel feito pelos presos foi concretado. O governador prevê gastos de mais de R$ 110 milhões para recuperar os 19 presídios destruídos em rebeliões neste ano.

Lembo ironizou a possibilidade de a Força Nacional de Segurança atuar no Estado, alegando que a polícia paulista é auto-suficiente e está preparada para conter a onda de violência dentro e fora dos presídios. "A Polícia Militar é mais qualificada", disse Lembo, irritado. "Todo mundo vem aprender (treinar) com os nossos policiais."

"A Força Nacional entrou em atividade há um ou dois meses. Nossa polícia tem 161 anos. Temos 81 mil homens e a nacional tem 280 soldados para uma situação de 40 milhões de habitantes", disse, após inaugurar o Centro de Integração da Cidadania (CIC), no bairro Vida Nova.

Lembo afirmou que já aceitou ajuda do governo federal por meio da cessão de equipamentos e apoio ao trabalho de investigação.

O caos em Araraquara diminuiu um pouco com as transferências de parte dos detentos que, desde a semana passada, estavam confinados em uma das quatro alas do Anexo de Detenção Provisória (ADP) da Penitenciária. Agora, são 466 presos em uma ala e 949 em outra.

OBRAS

Segundo a Secretaria da Administração Penitenciária (SAP), o prazo para a conclusão das obras no anexo ainda é o dia 14, quando os presos passarão a ocupar três quartos do ADP. O ADP fica dentro da penitenciária, que foi destruída pelos presos durante rebelião no dia 16 de junho.

Foi política a decisão da SAP de manter 1.443 presos amontoados em um pavilhão do presídio, segundo o defensor público Geraldo Sanches Carvalho, coordenador da Assistência Judiciária ao Preso. Segundo ele, a intenção é dar um recado à sociedade "de que as conseqüências das rebeliões serão sofridas e assumidas pelos próprios presos, independentemente de sua responsabilidade individual."