Título: Filho de agente é morto com 5 tiros
Autor: Rita Magalhães
Fonte: O Estado de São Paulo, 12/07/2006, Metrópole, p. C1

O Primeiro Comando da Capital (PCC) é o principal suspeito do assassinato do jogador de futebol Douglas Konishi de Souza, que completaria 24 anos hoje. Filho e cunhado de agentes penitenciários, o jovem foi executado ontem com cinco tiros quando saía de casa para levar a mulher ao ponto de ônibus, na Vila Santa Catarina, zona sul de São Paulo.

A família tem certeza de que Douglas foi confundido com o cunhado ao ser atacado por integrantes da facção criminosa. A Secretaria da Segurança Pública não descarta a hipótese de ação do crime organizado. A morte será investigada conjuntamente pelo Departamento de Homicídios e Proteção à Pessoa (DHPP) e pela equipe do 35º Distrito Policial.

Douglas é o primeiro civil assassinado na segunda onda de atentados da facção, iniciada no dia 28 de junho. Nessa fase, a ordem da organização era atacar funcionários de presídios. Nos últimos 13 dias, cinco agentes penitenciários foram assassinados.

Quando o jovem saiu de casa, às 6h20, abraçado à mulher, P.K.S, ainda estava escuro. Não havia nem sequer iluminação pública, pois, segundo os moradores, o quadrilátero da Rua Alto do Bonfim, onde aconteceu o crime, está sem luz há mais de 30 dias.

O jovem, que tinha planos de mudar-se no próximo mês para o Japão, morava na casa do cunhado A.S., agente do Centro de Detenção Provisória (CDP) de Mauá.

Duas coincidências sustentam a tese da família de que o jovem foi morto numa emboscada preparada para o agente penitenciário. "Ele tinha o mesmo porte físico e saiu de casa no mesmo horário que o cunhado costuma sair. O A. só não saiu hoje nessa hora porque está de folga", afirmou o tio V.E.

Assim que cruzaram a Travessa Aragonita, a menos de 10 metros do portão de casa, o Astra prata placas CVC-2431, que foi visto na área desde as 5 horas, os seguiu. O casal caminhou 50 metros até ser interceptado pelo veículo. Dele desceu um rapaz que fez o primeiro disparo, atingindo Douglas nas costas. Ele caiu de bruços.

Desesperada, a mulher agachou junto ao corpo do marido, mas foi lançada longe pelo assassino, que ordenou que ela se afastasse. De dentro do carro, o motorista atirou de oito a dez vezes contra o corpo no chão. Os tiros acertaram o pescoço, as costas e nádegas da vítima. Ele foi levado ao Pronto-Socorro do Jabaquara, onde morreu.

Representantes dos agentes penitenciários acham que ele foi morto por engano. "As circunstâncias nos levam a crer nisso", disse Luiz da Silva Filho, diretor do Sindicato dos Funcionários. Independentemente disso, a família da vítima está apavorada. "Isso nos mostrou que eles sabem onde moramos e podem voltar a qualquer hora. Não temos para onde correr", disse o tio de Doulgas. "Minha família inteira é formada por agentes penitenciários, policiais e guardas-civis."