Título: Lula lança 'coisa que não existe', diz Alckmin
Autor: Cida Fontes
Fonte: O Estado de São Paulo, 21/06/2006, Nacional, p. A5

O candidato tucano à Presidência, Geraldo Alckmin, criticou ontem o presidente Luiz Inácio Lula da Silva por "inaugurar" obras que não estão prontas - e, às vezes, nem começadas. "Não vejo problema em inaugurar até 30 de junho", disse Alckmin em Goiânia, referindo-se aos eventos em que Lula fala de realizações do governo. "O que não deve é inaugurar coisa que não existe, lançar pedra fundamental de obra sem licitação, sem licença ambiental", completou.

Na semana passada, Lula lançou a pedra fundamental do Complexo Petroquímico do Rio, cujas obras só começarão no ano que vem. Anteontem, entregou escola sem mesas e cadeiras na Bahia. Ontem, lançou a pedra fundamental de usina de biodiesel no Rio Grande do Sul.

O tucano disse que Lula terá de seguir as limitações legais quando oficializar sua candidatura. "Há uma separação muito nítida entre as tarefas de governo e as atribuições de caráter eleitoral." Alckmin afirmou que não pretende explorar o escândalo do mensalão na campanha. "Isso o povo já sabe", disse. "Nós vamos mostrar um programa de governo, de futuro. O que está em jogo é o futuro governo. O Brasil não pode mais adiar as reformas. E quem tem mais chance de fazer reformas? Um time novo, com energia nova e novos quadros ou uma reeleição?"

Para não se envolver na briga entre PSDB e PFL em Goiás, Alckmin precisou se desdobrar. O PSDB apóia Alcides Rodrigues (PP), que assumiu o governo no lugar do tucano Marconi Perillo, que disputa o Senado. Ele foi recebido no aeroporto por tucanos liderados por Perillo, com quem saiu para tomar cafezinho e comer pão de queijo em uma padaria.

CPMF À noite, com pefelistas, Alckmin deu palestra na Associação Comercial e Industrial de Goiás. Admitiu que, se eleito, terá de manter a CPMF e alertou que o debate sobre a renovação do tributo, que expira em 2007, vai provocar pressões de vários setores, como prefeituras e governos estaduais. "É possível acabar com a CPMF e abrir mão de R$ 30 bilhões?", indagou. "Vamos ter que ter os pés no chão e cortar gastos. Precisamos ter um mutirão e dizer que o Brasil não pode mais continuar desse jeito."