Título: Países querem verba em dobro
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Fonte: O Estado de São Paulo, 03/06/2006, Vida&, p. A36

Fundos atuais não bastariam para tratar soropositivos

A Conferência das Nações Unidas (ONU) sobre HIV e aids terminou ontem com a elaboração de um documento que servirá de pauta para governos, ativistas e grupos privados sobre como atuar contra a propagação da doença no mundo.

A declaração estabelece que será necessário mais do que o dobro de verba atual para fundos internacionais de combate à aids - US$ 23 bilhões. O documento diz também que o acesso à prevenção e aos tratamentos devem ser universais até 2010.

Líderes mundiais se comprometeram a assegurar recursos adicionais para alcançar o acesso universal em quatro anos. Alguns países, como os Estados Unidos, porém, se opuseram aos objetivos financeiros fixados. Washington é o principal contribuinte para a prevenção e tratamento da doença.

Durante a conferência, o chanceler brasileiro, Celso Amorim, pediu que os países doadores de recursos para o combate da epidemia aumentem os montantes repassados. "Dessa forma, os sistemas de saúde poderão ser fortalecidos e o acesso universal ao tratamento, à prevenção e à assistência poderá ser alcançado até 2010", disse Amorim.

Brasil, Chile, França e Noruega anunciaram a criação de um órgão internacional para a compra de medicamentos para países pobres não só para aids, mas também malária e tuberculose.

A idéia será arrecadar US$ 260 milhões de dólares por ano por meio de impostos sobre passagens aéreas. O valor pode variar de US$ 1 a US$ 13, dependendo do tipo de bilhete.

As ONGs não conseguiram incluir na declaração uma menção explícita às necessidades dos viciados em drogas, homossexuais e prostitutas. Em vez disso, a declaração inclui um compromisso para ajudar e não discriminar os "grupos vulneráveis".

A declaração final também contém um tópico sobre a necessidade de flexibilizar a legislação internacional em matéria de comércio e patentes, para que os países pobres possam ter acesso a remédios contra a aids a preços baixos.