Título: Nova suspeita de matança no Iraque
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Fonte: O Estado de São Paulo, 03/06/2006, Internacional, p. A32

Tropas dos EUA são acusadas de executar 11 civis em Ishaqui; Pentágono diz que investigação provou inocência

Um vídeo exibido pela BBC esta semana levantou suspeitas de implicação das tropas americanas em uma nova matança de civis no Iraque. Ela teria ocorrido em 15 de março na cidade de Ishaqi, cerca de 100 quilômetros ao norte de Bagdá. Onze pessoas teriam sido deliberadamente executadas por soldados americanos numa operação contra o terror. Essa denúncia soma-se a outra suspeita de massacre na localidade de Haditha, em novembro. Este caso está sendo investigado pelos militares. Os autores seriam oito marines, que estão presos e sujeitos a acusações de assassinato, rapto e conspiração.

O Pentágono reagiu ontem ao caso de Ishaqi, dizendo que as novas denúncias eram objeto de investigação. Mais tarde, no entanto, assegurou que o caso já havia sido apurado pelas Forças Armadas. E as conclusões exoneraram de culpa as unidades envolvidas naquela operação militar.

Segundo funcionários do Pentágono, apenas quatro pessoas morreram em Ishaqi. Elas estariam no interior de um edifício bombardeado por suspeita de abrigar membros da Al-Qaeda. "Nossos soldados agiram de acordo com os procedimentos estabelecidos para combate", informou um porta-voz militar americano. Ele insistiu que não houve nenhuma conduta imprópria por parte dos soldados. "As mortes de civis não foram intencionais."

Mas essa versão não estaria de acordo com a do vídeo exibido pela BBC, que reflete investigações levadas a cabo pela polícia iraquiana. Ela acusa as tropas americanas enviadas a Ishaqi de terem disparado deliberadamente contra os moradores do edifício, entre os quais cinco meninos e quatro mulheres, antes de o destruírem.

Em meio à polêmica sobre conduta imprópria de soldados americanos no Iraque, a Casa Branca ressaltou que compartilha a preocupação do primeiro-ministro iraquiano, Nuri al-Maliki, sobre a suspeita de implicação dos marines na morte de 24 civis em Haditha. "Ambas as partes (EUA e Iraque) querem manter a disciplina militar e o respeito aos direitos dos civis", disse o porta-voz da Casa Branca, Tony Snow. Ele revelou que o embaixador americano em Bagdá, Zalmay Khalilzad, e o comandante do Exército, general George Casey, debateram o incidente com Maliki. Os investigadores estariam empenhados em exumar os corpos das vítimas do suposto massacre.