Título: Insistência de Quércia em ser vice de Serra complica aliança
Autor: Carlos Marchi
Fonte: O Estado de São Paulo, 21/06/2006, Nacional, p. A8

Três partidos - PMDB, PFL e PTB - disputam avidamente a vaga de vice na chapa de José Serra (PSDB), que prefere um peemedebista. Mas a insistência do ex-governador Orestes Quércia em indicar o próprio nome está complicando a aliança PMDB-PSDB em São Paulo e aumentando a tendência de que o escolhido acabe sendo um nome ¿puro sangue¿ (do próprio PSDB). Se for assim, a vice estará entre os deputados Arnaldo Madeira e Alberto Goldman, com pequena chance para o deputado Mendes Thame.

Ao insistir em ser vice de Serra, admitem tucanos, Quércia está buscando um ¿atestado de idoneidade¿ de antigos adversários que na década de 80 levantaram muitas suspeitas sobre ele. Os de boa memória lembram que Quércia foi um dos maiores responsáveis pela criação do PSDB, por causa da inconformidade de muitas lideranças paulistas em dividir o PMDB com ele. Na época, Quércia era governador de São Paulo e os futuros tucanos questionavam sua gestão, em especial quanto ao Banespa.

PREFERIDO O nome preferido dos tucanos e de Serra é o deputado Michel Temer, ex-presidente da Câmara. Próximo a Quércia, Temer não se pronuncia. O PTB fechou anteontem o apoio a Serra e sugeriu os nomes do deputado Ricardo Izar, presidente da Comissão de Ética da Câmara, e do deputado estadual Campos Machado, antigo aliado dos tucanos, para vice. O PFL tem engatilhado o nome de Guilherme Afif Domingos para a vice ou para o Senado. Entre tantos nomes, Serra negocia.

A boa posição do ex-prefeito nas pesquisas acirra a luta pela disputa dos cargos majoritários restantes - vice e senador - e cria um problema maior: PFL e PMDB estão insistindo, também, em fazer coligações proporcionais (para as eleições de deputados federais e estaduais), o que desagrada aos candidatos a deputado do PSDB. Os tucanos consideram que será difícil descartar a coligação proporcional com o PFL, mas querem evitar que ela se concretize também com o PMDB.

¿A coligação proporcional seria útil aos dois partidos¿, ponderou ontem Temer ao Estado. Goldman não se coloca entre os favoritos, mas acha que Serra vai utilizar todo o prazo de que dispõe e arrastar a decisão, se preciso, até a noite de sábado.

A convenção para oficializar os candidatos será no domingo, mas se o impasse persistir até lá é possível que Serra recorra ao mesmo artifício usado pelo governador de Minas, Aécio Neves, há duas semanas: a convenção aprova uma delegação para que o vice seja escolhido depois pela Executiva do partido.