Título: BNDES diz que ajuda não é para compra da Varig
Autor: Mariana Barbosa, Isabel Sobral e Tânia Monteiro
Fonte: O Estado de São Paulo, 21/06/2006, Economia & Negócios, p. B1

O Banco Nacional de Desenvolvimento Econômico e Social (BNDES) condicionou a possibilidade de financiar o Trabalhadores do Grupo Varig (TGV) à comprovação da "sustentabilidade financeira" do projeto. A explicação foi dada ontem pelo presidente da instituição, Demian Fiocca.

Segundo o banco de fomento, o TGV não está pleiteando financiamento para comprar a companhia aérea, mas "para investir na empresa".

Fiocca informou que o grupo ficou de apresentar hoje ao BNDES um plano de negócios para a companhia aérea. Na segunda-feira, a Justiça homologou a oferta do TGV no leilão da Varig, mas a empresa terá de pagar US$ 75 milhões, como sinal da operação, até esta sexta-feira.

CAPITAL DE GIRO Ontem, o coordenador do grupo de trabalhadores, Márcio Marsilac, declarou à imprensa que a intenção era solicitar um financiamento para capital de giro no valor de US$ 150 milhões.

O presidente do BNDES explicou que a análise do pedido, como ocorre em todos os outros projetos que são encaminhados à instituição, levará em conta a existência de garantias e de previsão de fluxo de caixa que permita pagar o serviço da dívida com o banco.

Quando questionado se seria necessário saber o nome dos investidores que o TGV diz ter no projeto de aquisição, o presidente do banco de fomento respondeu: "Você tem de conhecer o conjunto do plano".

Na reunião com técnicos do BNDES, durante a manhã de ontem, os representantes do TGV informaram que contavam com investidores para fazer o pagamento da parcela da compra prevista para sexta-feira.

Antes da realização do leilão da Varig, o TGV chegou a recorrer ao banco, sem sucesso, para tentar um empréstimo-ponte para a empresa. Fiocca informou ontem que o banco não divulga detalhes das análises que realiza.

PRAZOS O presidente do BNDES também indicou que o prazo da análise de financiamentos na instituição depende, de forma geral, da "precisão e qualidade das informações prestadas". "Depende de como vier a operação", complementou Fiocca, citando que a disposição do banco é fazer a análise o mais rapidamente possível.

Ele chegou a exemplificar que, na operação de financiamento à companhia aérea portuguesa TAP, para a compra de subsidiárias da Varig no fim do ano passado, o prazo foi de duas semanas.

"Agora, ali, tínhamos uma fiança da TAP, o que facilitou muito a análise de risco de crédito", disse, citando que a garantia equivalia à do Tesouro de Portugal. A TAP é uma empresa estatal de aviação e já pagou os recursos ao banco brasileiro.