Título: Câmbio está num nível aceitável, diz Meirelles
Autor: Denise Chrispim Marin
Fonte: O Estado de São Paulo, 21/06/2006, Economia & Negócios, p. B10

O presidente do Banco Central, Henrique Meirelles, disse ontem que a taxa de câmbio está em um "patamar absolutamente aceitável" e isento de provocar pressões inflacionárias ou crise cambial. Em sessão conjunta de seis comissões do Congresso, Meirelles afirmou ainda que, apesar de o mercado prever uma inflação de 4,17% neste ano, os índices de preços deverão convergir para o centro da meta oficial de 4,5%.

"O susto dos últimos 15 dias mostrou o acerto da política econômica", defendeu Meirelles, ao responder ao alerta do deputado Sérgio Miranda (PDT-MG) sobre a volatilidade do câmbio. "É o contrário (de crise cambial). Dizem que estão entrando muitos dólares no País. Entretanto, a grande vantagem de uma economia sólida é não ter artificialismos nos fluxos de capital", argumentou ele, refutando a possibilidade de adoção de controles de ingresso e saída de divisas e de intervenção no câmbio.

Para Meirelles, o setor exportador tem condições de competir sem se valer de 'mecanismos legislativos e burocráticos". Segundo ele, o forte ingresso de moeda estrangeira, como resultado das exportações elevadas, não pode ser classificado como indicador de vulnerabilidade. Conforme argumentou, as medidas de controle cambial são remédios típicos de economias vulneráveis.

Segundo o presidente do BC, as incertezas no mercado externo nos últimos 15 dias não impactaram negativamente nas expectativas de inflação. Ao contrário, houve melhora. Na segunda-feira, por exemplo, a pesquisa semanal feita pelo BC mostrou que o mercado prevê a taxa de 4,17% neste ano. Mas, para evitar especulações sobre uma eventual mudança na meta de 4,5%, Meirelles insistiu que essa taxa mais baixa já está convergindo para o centro.

Conforme sustentou, a vantagem de manter a inflação "ancorada" nessa meta é trazer maior previsibilidade para os agentes econômicos em decisões de crédito, investimentos e contratações, e, para os trabalhadores, em termos de emprego e aumento de renda. Em seu ponto de vista, esse sistema trouxe um "ganho histórico" para o Brasil.

Meirelles enfatizou ainda que a avaliação de risco do Brasil por agentes internacionais tem flutuado em linha com o de outros países emergentes. As elevações recentes, ressaltou ele, não chegaram a atingir os níveis registrados no passado e recuaram em seguida.

Meirelles rebateu a tese de que o Brasil teve crescimento tímido ante outras nações emergentes dizendo que o PIB do País cresceu 3,7%, em média, por ano entre 2003 e 2006, o dobro dos 3 anos anteriores.