Título: 'Fico nervosa com som de sirene'
Autor: Paulo Baraldi
Fonte: O Estado de São Paulo, 03/06/2006, Economia & Negócios, p. B16

Dona da butique se diz abalada com ação da polícia

A empresária Eliana Tranchesi, dona da Daslu, disse ontem que está muita abalada e negou todas as irregularidades apontadas contra a empresa. Ela afirmou que não quer julgar os atos da Justiça, mas deixar que as pessoas o façam. Seu irmão, Antônio Carlos Piva de Albuquerque, foi preso anteontem."A gente não esperava. Não passava pela cabeça que isso pudesse acontecer", declarou.

A empresária, que já ficou presa por 11 horas, diz que fica nervosa quando ouve ruídos de sirene e helicópteros. "As minhas mãos ficam molhadas."

Eliana disse ainda que Albuquerque - também preso por 5 dias em julho de 2005 - passou a sofrer de síndrome do pânico. "Ele está ausente da loja desde janeiro. Foi muito difícil para ele lidar com o episódio", informou.

Segundo Eliana, seu irmão não atendeu à convocação da Justiça por estar em tratamento. "Ele não dificultou a Justiça. E seu advogado anexou ao processo os laudos médicos."

A juíza Maria Isabel do Prado, que decretou a prisão do irmão de Eliana, declarou em sua decisão que era "com o escopo de garantir a ordem pública".

"Como a população corre risco com ele? Ele não é um perigo real", disse a empresária. "Isso faz a vida virar de ponta-cabeça, mas sou forte, otimista."

A dona da maior butique de luxo do País diz que há 10 meses não recebe mercadorias importadas e tem contornado a situação para não perder os clientes com as roupas da marca Daslu, produtos nacionais.

Eliana informou que viajaria segunda-feira para Milão e depois para Nova York para conferir as tendências de moda.

Entretanto, como ela teve seu passaporte apreendido pela Justiça, não poderá fazer a viagem. "Isso não é justo, eu queria sentir a moda, é meu trabalho", reclamou.