Título: Produtores não convencem governo a mudar decreto
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Fonte: O Estado de São Paulo, 03/06/2006, Economia & Negócios, p. B11
O setor do agronegócio boliviano rompeu com o presidente Evo Morales ontem, durante reunião em Cochabamba. O encontro tinha como objetivo reabrir o diálogo entre as partes. A negociação entre produtores e governo havia sido interrompida devido a decisão do governo de editar cinco decretos e um projeto que reforma a lei agrária do país de forma considerada nociva ao agronegócio.
Evo reafirmou a disposição do governo de levar adiante o plano de "Revolução Agrária", pelo qual pretende distribuir 20 milhões de hectares de terra em cinco anos. A tentativa do setor agropecuário, que criou o Comitê para Defesa das Terras, era conseguir convencer o presidente a rever sua posição.
O s produtores conseguiram apenas adiar alguns anúncios. Segundo Zacarias Baldi, sojicultor brasileiro no Departamento de Santa Cruz, o governo afirmou que hoje anunciaria um dos decretos, o que disciplina a distribuição de terras no processo de reforma agrária.
O decreto determina que apenas organizações sociais comunitárias serão incluídas na distribuição de glebas. Não haverá distribuição de terras para indivíduos. A avaliação em Santa Cruz, departamento que mais se opõe ao novo modelo agrário, é a de que os campesinos da região serão prejudicados, já que não possuem tradição em organização comunitária.