Título: CMN deve manter em 4,5% a meta de inflação
Autor: Beatriz Abreu, Fabio Graner
Fonte: O Estado de São Paulo, 03/06/2006, Economia & Negócios, p. B4

Lula foi informado de que anunciar mudança no teto para 2007 neste momento só provocaria discussões prejudiciais ao governo

O Conselho Monetário Nacional (CMN) deve confirmar em 4,5% a meta de inflação para 2007, primeiro ano do próximo governo. A ratificação desse nível para a estimativa de variação de preços será feita na reunião deste mês do Conselho Monetário Nacional (CMN), quando os ministros da Fazenda, Guido Mantega, do Planejamento, Paulo Bernardo, e o presidente do Banco Central, Henrique Meirelles, também vão definir o cenário de inflação para 2008. A definição da meta de inflação tem implicações diretas na execução da política monetária (controle de dinheiro em circulação) porque a trajetória de redução da taxa de juro é definida tendo como objetivo o cumprimento da meta.

O presidente Luiz Inácio Lula da Silva já foi alertado de que este não é o momento oportuno para se abrir um debate sobre a meta de inflação do próximo ano. A visão majoritária na equipe econômica é de que uma alteração na meta, só provocaria discussões prejudiciais ao governo, como uma possível reabertura de fogo amigo em caso de uma redução do nível de 4,5% . Ou de uma reação desagradável dos mercados na hipótese de definir um porcentual maior para comportar uma queda mais acelerada dos juros.

A meta, porém, não significa um engessamento da ação do BC. Em 2005, por exemplo, ela era de 4,5%, mas o BC ajustou seu objetivo para 5,1%. Com isso, evitou uma alta mais brusca da dos juros para conter o aumento de preços observado no final de 2004 e início de 2005. Os 4,5% foram mantidos para meta de 2006 e 2007, mas houve uma redução na margem de tolerância, que passou de 2,5 pontos percentuais para 2 pontos para cima e para baixo.

Em 2004 e 2005, a discussão sobre a meta alimentou uma polêmica dentro do governo. Uma das alas, liderada pelo então líder do governo no Senado, Aloizio Mercadante (PT-SP), defendeu uma meta de 5,5%. A tese era de que o objetivo seria mais realista de acordo com a história econômica brasileira, e permitiria ao BC reduzir os juros mais rapidamente.

O grupo perdeu o debate para o então ministro da Fazenda, Antônio Palocci, e Henrique Meirelles. Eles alegavam que a medida seria inócua porque tão logo a meta fosse elevada as expectativas de inflação subiriam.