Título: BrT cobrará R$ 600 mi de banqueiro
Autor: Carlos Franco
Fonte: O Estado de São Paulo, 03/06/2006, Nacional, p. A13

Presidente da empresa quer apagar marca que Dantas e grupo Opportunity imprimiram em 5 anos de comando

O presidente da Brasil Telecom (BrT), o economista carioca Ricardo Knoepfelmacher, de 40 anos, quer passar uma borracha na marca que o banqueiro Daniel Dantas e o Opportunity imprimiram durante os cinco anos que comandaram a operação da empresa. Com aval dos acionistas que hoje formam o bloco de controle - fundos de investimentos do Citicorp, Telecom Itália e fundos de pensão liderados pela Previ -, a intenção é mostrar que a BrT, longe dos escândalos e disputas acionárias, é uma empresa séria e disposta a se firmar entre as mais rentáveis e modernas do País, sem precisar de fazer lobby político para tal.

"Vamos investir entre R$ 2,1 bilhões e R$ 2,3 bilhões este ano na melhoria de serviços e na convergência maior entre a telefonia fixa e a telefonia celular, com pacotes que possam diferenciar nossa oferta na área de concessão e mostrar que somos uma empresa comprometida com os consumidores."

A BrT tem hoje 9,7 milhões de clientes de telefonia fixa em nove Estados e 2 milhões de usuários de celulares.

Ricardo K, como é chamado na empresa para driblar o sobrenome quase impronunciável, promete agir em duas frentes para virar a página do passado recente: na Justiça, contra o banqueiro Daniel Dantas, e na propaganda, com uma nova imagem da operadora começando a ser veiculada a partir da próxima semana, com campanha criada pela agência global Leo, Burnett.

Na Justiça, o que inclui também a Comissão de Valores Mobiliários (CVM) e até pedido de ressarcimento de dinheiro gasto com a contratação da empresa de espionagem Kroll, Ricardo K espera reaver cerca de R$ 600 milhões para os cofres da Brasil Telecom, embora considere que os prejuízos da gestão de Dantas possam ultrapassar a casa do bilhão. No valor, estão contratos com fornecedores, com os quais a empresa tem conseguido redução de preços nas renegociações em época de vencimento.

Como os processos correm em segredo de Justiça, o Opportunity e Dantas não têm se manifestado sobre essas acusações, embora as neguem por meio de assessores de imprensa. O Opportunity ainda detém cerca de 10% da operadora, que fatura por ano cerca de R$ 15 bilhões e atua no Distrito Federal, Rio Grande do Sul, Santa Catarina, Paraná, Goiás, Mato Grosso do Sul, Mato Grosso, Rondônia e Acre.

Desde que assumiu oficialmente o comando da Brasil Telecom, há pouco mais de um mês, com apoio do bloco de controle que se desentendeu com Dantas, Ricardo K diz estar operando várias mudanças na empresa. Até o inevitável corte de pessoal, seguido de novas contratações.