Título: Alckmin diz que presidente se porta como Rolando Lero
Autor: Ana Paula Scinocca
Fonte: O Estado de São Paulo, 03/06/2006, Nacional, p. A6

Pré-candidato tucano compara Lula a personagem humorístico, contesta seus dados sobre educação e o acusa de praticar propaganda enganosa

Poucas horas depois de ser informado das críticas que seu principal oponente, o presidente Luiz Inácio Lula da Silva, fez ontem à sua política educacional no governo de São Paulo, o pré-candidato do PSDB à Presidência, Geraldo Alckmin, respondeu, chamando Lula de "Rolando Lero" e acusando-o de usar de "demagogia" e fazer "propaganda enganosa".

"O presidente Lula precisa parar com seu estilo Rolando Lero habitual, principalmente no debate da educação, que é um assunto extremamente sério." Ele se referia a um personagem do antigo programa humorístico Escolinha do Professor Raimundo, da TV Globo: Rolando Lero, cuja principal característica era embromar.

Baseado no relatório divulgado no dia anterior pelo Tribunal de Contas da União (TCU) - que aprova as contas de Lula do ano passado, mas com 30 ressalvas -, Alckmin continuou o ataque. "Quem não investiu o mínimo para avançar no ensino básico e no combate ao analfabetismo nos últimos dois anos foi o presidente Lula. Portanto ele é reincidente", disse. "E essa constatação está hoje (ontem) no relatório do TCU."

Por meio de nota, ele afirmou ainda que Lula não conseguiu aprovar o Fundo de Manutenção e Desenvolvimento da Educação Básica (Fundeb), "mas diz que é uma realidade no programa de televisão do PT".

A exemplo de Lula, Alckmin recorreu à experiência pessoal para dizer que, apesar de ter tido condições de vida melhores que as do petista, sabe o valor da educação. "Eu, que lecionei em cursinho para pagar meus estudos, sei muito bem o valor que a educação tem na vida das pessoas. E, por isso, não faço propaganda enganosa, muito menos demagogia com um assunto tão sério e essencial para o desenvolvimento do Brasil."

ESCOLAS TÉCNICAS

O ex-governador acusou Lula de ter paralisado as escolas técnicas iniciadas pelo governo FHC e apontou que elas só foram retomadas "às vésperas" da eleição. "Quer demonstrar preocupação com São Paulo, mas a iniciativa privada teve de colocar recursos em parceria com o governo de São Paulo para terminar a escola técnica de Capão Bonito, pois os recursos federais nunca foram liberados", reclamou. "O presidente Lula, que nunca sabe e nunca vê o que acontece ao seu redor, precisa se informar sobre os dados da educação pública em São Paulo", recomendou, referindo-se ao fato de Lula ter dito que apenas 18% dos estudantes universitários paulistas estão na escola pública. Alckmin aproveitou para listar parte de suas ações enquanto esteve no governo, por quase 6 anos. Segundo ele, 98,5% das crianças entre 7 e 14 estão na escola no Estado e 86,9% dos que têm entre 15 e 17 anos estão matriculados. Ele lembrou que a carga horária foi aumentada de cinco para seis horas no período diurno e de quatro para cinco no noturno.

Enquanto Lula mencionou o ProUni, Alckmin destacou que quase 50 mil universitários receberam bolsas de estudo. O ex-governador também anotou que Lula precisa ser informado sobre as vagas criadas em sua gestão nas universidades. Citou 5.500 novas vagas na USP, Unicamp e Unesp, o que representa, segundo ele, crescimento de 37% em relação a 2001.