Título: Apoio de Temer a Alckmin agrava divisão do PMDB
Autor: Ricardo Brandt
Fonte: O Estado de São Paulo, 13/07/2006, Nacional, p. A7

O candidato tucano à Presidência, Geraldo Alckmin, recebeu ontem oficialmente o apoio do presidente nacional do PMDB, Michel Temer, num gesto que aprofunda a divisão do partido. "Decidimos oficializar o apoio para pôr fim a um equívoco que vem sendo dito, de que todo o PMDB apoiaria o PT", disse Temer. "Não é verdade."

Segundo o presidente do PMDB, 11 diretórios estaduais do partido devem apoiar a candidatura de Alckmin. Temer afirmou ainda que, em São Paulo, subirá nos palanques do PMDB, do candidato ao governo estadual Orestes Quércia, e do PSDB, do candidato Alckmin. Também declarou que no Estado terá campanha em conjunto com José Serra (PSDB).

Alckmin afirmou que o apoio de Temer foi feito em cima de "questões programáticas". E não poupou o acordo firmado entre o presidente Luiz Inácio Lula da Silva e peemedebistas governistas. Segundo o tucano, Lula não aprendeu com a crise e já mandou um recado de que não será responsável pelos problemas que acontecerem em seu governo - em referência às afirmações do presidente de que não poderia responder por ministros de outros partidos que integram seu governo.

"É inacreditável o presidente Lula dizer que não tem responsabilidade sobre os ministros de outros partidos", disse Alckmin. "Ele está, por antecipação, passando o recado de que não é responsável pelo que ocorre em seu governo." Para o tucano, a iniciativa de Lula é inadmissível. "Ele faz uma reunião com lideranças do PMDB, com loteamento de cargos, uma coisa absurda, e já anuncia que não tem responsabilidade sobre ministros e lideranças de outros partidos." O tucano, principal adversário do presidente Lula, hoje em ascensão nas pesquisas, garantiu que, caso eleito, não fará loteamento de cargos na sua gestão. "Um governo moderno é um governo profissionalizado", disse Alckmin.

Questionado se não havia nomeado indicados por partidos em seus 12 anos à frente do governo paulista, o tucano foi taxativo. "Não. Aqui não tem mensalão e não tem entrega de empresa estatal para nenhum partido", frisou Alckmin.