Título: Grupo surgiu durante a invasão israelense
Autor:
Fonte: O Estado de São Paulo, 13/07/2006, Internacional, p. A13

O Hezbollah (ou Partido de Deus) é uma poderosa organização política e militar de muçulmanos xiitas no Líbano. Surgiu no início da década de 1980 com apoio financeiro do Irã, como grupo de resistência à ocupação israelense do Líbano. Apesar de ser um movimento islâmico, é apoiado pela Síria (cujo governo é laico), que o usa como trunfo no confronto com Israel. O Hezbollah, por sua vez, protege interesses sírios no Líbano

O Hezbollah chegou a sonhar em transformar o Estado multirreligioso do Líbano num Estado islâmico nos moldes do Irã, mas abandonou essa idéia. Sua retórica clama pela destruição de Israel. Considera toda a Palestina histórica (que inclui Israel e os territórios ocupados) como terras muçulmanas ocupadas.

Desde a guerra civil libanesa, o Hezbollah adotou a tática de atacar alvos ocidentais e israelenses e fazer reféns para trocar por prisioneiros árabes e palestinos. Em seu maior ataque, promoveu em 1983 um atentado suicida que matou 241 fuzileiros navais americanos em Beirute.

Em maio de 2000, atingiu seu objetivo com a retirada israelense do sul do Líbano e ganhou o respeito da maioria dos libaneses (dos quais os xiitas são maioria). Conquistou importante bancada no Parlamento, integra o governo libanês e mantém uma ampla rede de serviços de assistência e atendimento médico. Também é dono de uma influente estação de TV.

O grupo se recusa a desmontar sua milícia e não é pressionado pelo governo do Líbano, apesar de uma resolução da ONU, de 2004, exigir seu desarmamento.

Depois que Israel se retirou do sul libanês, o Hezbollah continuou se considerando uma força de resistência não somente para o Líbano, mas para toda a região.

A tensão maior com Israel está concentrada na área conhecida como Fazendas de Shebaa, que a Síria afirma ter cedido ao Líbano. Israel, com apoio da ONU, diz que a área está do lado sírio da fronteira e, portanto, faz parte das Colinas do Golan (que Israel ocupou na Guerra dos Seis Dias, em 1967) e, por isso, só pode ser negociada com o governo sírio.