Título: Segurança, aposentada só sente dentro de casa
Autor: Marcelo Godoy
Fonte: O Estado de São Paulo, 13/07/2006, Metrópole, p. C1

Medo de sair de casa, de trabalhar, ir ao banco, ao supermercado, visitar um amigo, de ser uma vítima. Difícil encontrar alguém em São Paulo que, diante dos novos ataques, não esteja com um pinguinho de medo.

A aposentada Nely Dias (nome fictício) só se sente segura em casa, onde ficou ontem, depois de ver pela TV os mais recentes atentados. "Moro muito perto de uma favela. Aqui os jovens nos respeitam e impedem que pessoas de fora façam mal aos moradores", disse. "Mas, na rua, estamos completamente desprotegidos."

Os psicólogos dizem que o medo é saudável e necessário, mas não pode ser exagerado. "O medo nos protege, é uma defesa. O problema é quando se torna crônico e patológico", afirma o professor Paulo Albertini, do Instituto de Psicologia da USP. "O pânico não constrói nada e nos leva a fazer coisas que nos deixam menos protegidos."

Pensar que a vida continua é um bom começo. Para o diretor-executivo do Instituto Sou da Paz, Denis Mizne, a população não pode se entregar. "Em maio, diziam que o crime parou São Paulo. Não foi o crime, foi o clima de tensão. Isso não pode acontecer de novo."