Título: Morte de chefe do tráfico causou guerra na região
Autor: Marcelo Godoy
Fonte: O Estado de São Paulo, 13/07/2006, Metrópole, p. C1

Em 2005, quando Nagashi Furukawa ainda era secretário de Administração Penitenciária, o serviço de inteligência da pasta detectou movimentação estranha no cenário do tráfico da Baixada Santista. O primeiro sinal das transformações que viriam ocorreu em 28 de abril, quando o número 2 da facção que domina a região, Sandro Henrique da Silva Santos, o Gulu, foi morto na Penitenciária 2 de Mirandópolis. Segundo apurações da inteligência da SAP, seu assassinato visava transferir os negócios pessoais dele ao "partido".

O mesmo motivo levou ao assassinato de Diogo dos Santos, o Dioguinho, na Penitenciária de Franco da Rocha. No mesmo dia da morte de Gulu, seu irmão foi assassinado na Baixada e os autores do crime expulsaram de casa a mãe dos dois.

Em dois meses, a guerra pelo domínio da região teve como resultado 29 assassinatos, ocorridos quase todos dentro das prisões. Boa parte eram detentos próximos ao ex-segundo homem do PCC.

A ofensiva na Baixada visava consolidar a liderança de Marcola no PCC, assim como sua estratégia de optar pelo tráfego de drogas para obter recursos para o financiamento das ações da facção. Mas, com o PCC comandando, os problemas não acabaram. A polícia civil intensificou as investigações sobre o comércio de drogas na região e prendeu mais de 40 lideranças do PCC desde julho. "Quando prendemos uma, surge outra", afirma o delegado titular do Guarujá, Rubens Barazao. "São lideranças itinerantes. Hoje em dia o PCC evita deixar um só comandante como responsável por toda uma região. Elas mudam com freqüência."

Barazao diz que somente com o pedágio dos filiados que estão do lado de fora da prisão, o PCC arrecada no Guarujá R$ 70 mil mensais.