Título: Parada de Taipas sem condução
Autor: Marcelo Godoy
Fonte: O Estado de São Paulo, 13/07/2006, Metrópole, p. C1

Pelo menos 150 mil pessoas devem ficar sem condução hoje na região da Parada de Taipas, na zona norte, por conta de incêndios a três ônibus da Cooperativa Fênix, na noite de ontem. Segundo o coordenador de tráfego da empresa, José Ricardo de Sales, nenhum ônibus vai deixar a garagem a menos que o governo dê garantias, como segurança e ressarcimento de prejuízos.

Segundo ele, cada um dos ônibus incendiados tinha cerca de dois anos de uso e custam por volta de R$ 120 mil. "Somos uma cooperativa, não uma empresa. No ataque de maio nos unimos para comprar mais um ônibus, para repor o que havia sido destruído. Mas agora são três. Como vamos pagar os prejuízos?".

Um dos donos da cooperativa, que não quis se identificar, acredita que os crimes tenham sido uma retaliação por conta de uma entrevista que deu após os ataques de maio em que relaciona os atentados a ônibus a perueiros. Segundo ele, os lotações são dominados por integrantes do PCC e policiais.

O primeiro ônibus atacado, que fazia a linha Taipas-Pinheiros, foi incendiado por volta das 19h20. Havia muitas pessoas no veículo, retiradas por três homens armados. Segundo testemunhas, os bandidos mandaram todos descer, despejaram gasolina e atearam fogo.

Aproveitando que o policiamentro do bairro foi deslocado para atender essa ocorrência, os vândalos atacaram outro carro, dessa vez da Viação Santa Brígida, perto dali. "Como é que esses bandidos fazem isso e prejudicam toda a população? Será que teremos ônibus amanhã?", disse um morador qua não quis se identificar.

Os outros dois ataques a ônibus da cooperativa ocorreram bem próximos um do outro. As informações chegavam à medida em que os bombeiros terminavam de controlar os novos focos. Os três carros foram destruídos. Em volta dos veículos, cujas chamas atingiram os fios de energia elétrica, suspensa até a madrugada, curiosos expressavam incredulidade e medo.

Os moradores e testemunhas têm medo de falar sobre o assunto. Os que falam, pedem para não serem identificados. "O pior é imaginar que esses bandidos devem estar infiltrados entre nós, só olhando o estrago", afirmou uma moradora.