Título: Dois meses de guerra em São Paulo
Autor: Marcelo Godoy
Fonte: O Estado de São Paulo, 13/07/2006, Metrópole, p. C1

Um período de atentados, em meio a decisões e planos para isolar os líderes do PCC

PRIMEIRA ONDA DE VIOLÊNCIA

11 de maio: Informada por escutas telefônicas da possibilidade de megarrebelião, a cúpula de segurança opta por transferir 765 coordenadores do PCC para a Penitenciária 2 de Presidente Venceslau. A informação ficou restrita ao comando.

12 de maio: Às 16h30, começa em Avaré o primeiro motim. A ordem de lançar os ataques foi dada por celular pelas "torres", os líderes, pela manhã. Há duas linhas de atuação: montar uma megarrebelião e promover atentados contra a polícia. À noite, 15 carros atacam o 55.º DP, no Parque São Rafael.

13 de maio: Configura-se a maior ofensiva do crime organizado já registrada no País. Ao todo, 24.472 detentos de 24 unidades prisionais se rebelaram e fizeram 129 reféns. Em 69 atentados, 27 policiais e 1 civil são mortos. O secretário Saulo Abreu diz que a reação era "previsível" e liberou o uso "de armas pesadas". Mas somente neste instante todos os policiais são alertados.

14 de maio: Em 73 horas, chegam a 73 os presídios rebelados, no maior motim simultâneo da história do País. O comando do crime organizado decide alterar a estratégia e resolve desestabilizar a ordem pública. À noite, mais de 40 ônibus são queimados. Em seguida, começam a ser relatados ataques a agências bancárias. Até uma estação de metrô vira alvo. Também começa a reação mais forte da polícia. Houve 23 agressores mortos, nos 33 ataques registrados em 24 horas.

15 de maio: O PCC determina o fim das rebeliões e a suspensão dos atentados. A ordem é dada após uma conversa entre Marcola e três representantes do governo. Medo e boatos praticamente param São Paulo - deixam de funcionar transporte público, escolas e comércio. Pela primeira vez, há mais agressores mortos nos ataques do que policiais. A OAB ameaça cassar advogados ligados ao crime. A guerra do PCC, em sua primeira fase, termina com 107 agressores mortos.

SEGUNDA ONDA DE VIOLÊNCIA

26 de junho: Em São Bernardo do Campo e Diadema, 13 supostos integrantes do PCC são mortos. Segundo a polícia, o bando planejava matar agentes penitenciários do Centro de Detenção Provisória (CDP) de São Bernardo do Campo.

Julho: A cúpula da facção criminosa opta por ampliar os ataques a agentes penitenciários em todo o Estado de São Paulo. De lá para cá, cinco funcionários de presídios foram mortos. Outros 2 carcereiros e 1 civil, filho e irmão de agentes, morreram. O segurança de um fórum federal também foi morto em São Paulo, no mesmo dia em que os jornais publicaram um acordo entre o governo estadual e a União para transferir líderes do Primeiro Comando da Capital para o presídio federal de Catanduvas, no Paraná.