Título: Lula joga na oposição culpa por veto a reajuste
Autor: Denise Madueño
Fonte: O Estado de São Paulo, 13/07/2006, Economia & Negócios, p. B1

O presidente Luiz Inácio Lula da Silva jogou para a oposição a culpa pelo veto ao reajuste de 16,67% dado pelo Congresso aos aposentados que ganham mais de um salário mínimo e acusou seus opositores de "falta de seriedade".

Ele afirmou que, se realmente quisessem dar esse aumento, os parlamentares podiam ter mudado a proposta do Orçamento e encontrado os recursos necessários para cobrir a despesa adicional.

"Se a oposição tivesse o mínimo de seriedade no trato da questão do salário, quando o Orçamento foi votado - e foi votado com cinco meses de atraso - eles poderiam ter colocado verba para dar o reajuste dos aposentados. Eles mantiveram exatamente aquilo que mandamos para o Congresso", disse o presidente, ao sair do hotel em que estava hospedado para a abertura da 2ª. Conferência de Intelectuais da África e Diáspora (Ciad).

O presidente Lula voltou a dizer que a proposta de reajuste de 5% , que está em uma medida provisória ainda a ser votada pelo Congresso, é resultado de um acordo feito com as centrais sindicais e os representantes de aposentados.

Ao ser perguntado se a oposição hoje não age da mesma forma que o PT fazia quando estava do outro lado, o presidente Lula afirmou que isso agora não importa.

"O que importa é o que está acontecendo hoje. Tinha um orçamento para ser votado. Eles poderiam ter retirado dinheiro da educação, dos transportes, do superávit primário. Podiam ter retirado dinheiro do que eles quisessem, mas colocassem no Orçamento", afirmou Lula.

"Eu ajo com a responsabilidade de um presidente da República como se estivesse com a sua família. Ou seja, eu não posso gastar aquilo que eu não tenho. Eu não posso inventar uma despesa para a Previdência Social que cria um rombo de R$ 12 bilhões".

Apesar do evidente tom de disputa política, Lula disse não acreditar que a campanha eleitoral irá se acirrar nos próximos dias, com o crescimento nas pesquisas do candidato do PSDB à presidência, o ex-governador de São Paulo Geraldo Alckmin.

"Da minha parte, não (não vai haver acirramento algum ). Da minha parte, a campanha está começando e nós vamos tratar como eu tratei as outras campanhas", afirmou. "Nós temos é de mostrar para o povo as coisas que estão acontecendo no Brasil, as coisas que aconteceram. Quem quiser fazer acirramento, que faça."