Título: Após sete anos de alta, saldo do agronegócio cai
Autor: Fabíola Salvador
Fonte: O Estado de São Paulo, 13/07/2006, Economia & Negócios, p. B6

Pela primeira vez em sete anos, o saldo da balança comercial do agronegócio cairá em 2006 na comparação com o ano anterior. A Confederação da Agricultura e Pecuária do Brasil (CNA) estimou ontem que o superávit será de US$ 37 bilhões neste ano, queda de 3,7% na comparação com os US$ 38,416 bilhões acumulados no ano passado. "As exportações agrícolas estão perdendo dinamismo", avaliou o assessor da Comissão Nacional de Comércio Exterior da CNA, Antônio Donizeti Beraldo.

Segundo a CNA, as exportações agrícolas vão render US$ 43 bilhões em 2006 contra US$ 43,601 bilhões no ano passado. Impulsionados pelo câmbio favorável, os gastos com importações de produtos agrícolas devem passar de US$ 5,185 bilhões em 2005 para US$ 6 bilhões neste ano. "A redução no ritmo de exportação e o aumento das importações, principalmente de trigo, interrompem a tendência de crescimento dos últimos anos no saldo comercial."

De acordo com Beraldo, o ritmo de exportações do agronegócio está caindo. No acumulado do ano, o faturamento com as exportações foi recorde, mas o montante é decrescente. Os embarques renderam US$ 21,35 bilhões até junho, crescimento de 5,7%. Em 2005, as exportações cresceram 9,2% nesse período. "A redução no ritmo de crescimento reduziu a participação das exportações do agronegócio nas exportações totais brasileiras de 37,6% para 35,1%", explicou.

O câmbio levou a CNA a reduzir a estimativa para o faturamento bruto dos 25 principais produtos agrícolas em 2006. O Valor Bruto da Produção (VBP), cálculo para faturamento, deve somar R$ 167,3 bilhões, menos 3,8% em relação a 2005. O superintendente técnico da CNA, Ricardo Cotta, disse que a queda nos preços também reduziu a estimativa de faturamento da agropecuária.

O cenário para 2007 não é favorável. Sem citar números, Cotta estimou que a área plantada cairá mais em regiões de maior deficiência em infra-estrutura, como Mato Grosso. Ele acrescentou que os produtores ainda não decidiram o que plantar na safra 2006/07, que começa a ser cultivada em meados de setembro. A indecisão impede que eles aproveitem o retorno dos caminhões que transportaram grãos até os portos. "Quando os caminhões voltam para os Estados produtores, trazem insumos, o que reduz os custos de frete. A indecisão vai elevar os gastos com transporte."

A CNA também prevê queda no Produto Interno Bruto (PIB) do agronegócio, de 1,94%. O PIB está estimado em R$ 527,20 bilhões para 2006 ante R$ 537,63 bilhões no ano passado.