Título: Para Alckmin, gestão do PT não reduziu desigualdades
Autor: Ricardo Brandt
Fonte: O Estado de São Paulo, 02/07/2006, Nacional, p. A9

O candidato do PSDB à Presidência, Geraldo Alckmin, criticou ontem o presidente Luiz Inácio Lula da Silva, cobrando ações para acabar com a pobreza no País. Na quinta-feira, Lula dissera que preferia governar para os pobres, que se contentam com pouco e raramente se organizam para protestar. "Na verdade, é preciso governar para diminuir a pobreza. O presidente precisa parar de se queixar e começar a trabalhar", atacou o presidenciável tucano.

"É preciso diminuir a desigualdade, trazer felicidade do ponto de vista social e desenvolvimento econômico. E isso não acontece por acaso", completou o ex-governador, durante caminhada no centro de São Caetano do Sul, no ABC, ao lado do candidato tucano ao governo paulista, José Serra.

Alckmin, que na última semana subiu em duas pesquisas eleitorais, acendendo o otimismo dos tucanos, comentou que é preciso "empreendedorismo e esforço de governo" para geração de emprego e renda, além da redução de pobreza. Ele considera necessário "criar um ambiente receptivo, que estimule o investimento privado", mas acha que Lula faz o contrário. "Ele aumentou os gastos correntes, aumentou os impostos e cortou os investimentos."

Alckmin frisou que o PSDB, se voltar à Presidência, vai trabalhar na linha oposta, criando condições para que o empresariado invista em negócios que gerem oportunidades de trabalho. Serra aproveitou para reforçar as críticas ao governo e ao presidente Lula.

Segundo o ex-prefeito, o País tem uma "política cambial equivocada", que afugenta investidores. "A atual política econômica de juros astronômicos e taxa de câmbio lá em baixo prejudica muito o País", alfinetou.

BOLÍVIA

Alckmin citou a nacionalização do petróleo na Bolívia, feita pelo presidente Evo Morales, para justificar a afirmação de que o governo não cria um ambiente de confiança para investimentos privados. "Você expropria os ativos da Petrobrás, põe o Exército dentro de uma empresa estatal brasileira, e o governo Lula adota uma posição dúbia, de submissão", afirmou.

Para o ex-governador, é preciso haver segurança jurídica para estimular investimentos. "O governo Lula perde oportunidades, num momento em que o cenário internacional é muito positivo", destacou.

As medidas provisórias editadas pelo presidente para reajustar o salário da maioria dos servidores, em índices acima da inflação, também foram alvo de críticas. "Somos favoráveis ao reajuste para servidores. Demos reajuste em 2004 e em 2005", disse o ex-governador. "O que é errado é não trabalhar os quatro anos de governo e fazer as coisas em véspera de eleição", completou. Para Alckmin, fazer o governo funcionar só nos meses que antecedem o pleito é uma "política atrasada" adotada na gestão petista.

O tucano voltou também a comentar a última visita de Lula a São Paulo, na qual passou pelo Palácio dos Bandeirantes e foi recebido pelo governador Cláudio Lembo (PFL). "É errado fazer jogadinha política. O Lula vem aqui no último dia para inaugurar obra que não tem um centavo do governo e coloca na propaganda dinheiro do Rodoanel que nunca saiu."

Indagado se a escolha do local para o início da campanha - o ABC, berço do petismo - não seria uma resposta à ida de Lula ao Bandeirantes, dois dias antes, Alckmin rebateu. "Escolhemos São Caetano porque aqui é a terra do trabalho." Ele e Serra caminharam na rua principal do comércio, distribuíram abraços e autógrafos, e posaram para fotos.

SEGUNDO TURNO

Alckmin afirmou estar confiante de que haverá segundo turno na eleição presidencial. "O eleitor é sábio e leva a eleição para o segundo turno para esclarecer melhor as propostas dos candidatos", frisou. "Ainda mais no caso do Brasil, em que tivemos um governo com muitas denúncias de corrupção, problemas de gestão e reformas que não andaram." Ele avalia que o vencedor enfrentará "mais dificuldades", o que exigirá maior eficiência.