Título: Venda da safra terá R$ 2,6 bi
Autor: Fabíola Salvador e Vera Rosa
Fonte: O Estado de São Paulo, 02/07/2006, Economia & Negócios, p. B4

O agrônomo Luís Carlos Guedes Pinto assumirá o Ministério da Agricultura no momento em que a Secretaria de Política Agrícola, uma das mais importantes da pasta, tem em caixa um bom volume de recursos para políticas de apoio à comercialização de grãos. O orçamento inicial da secretaria era de R$ 650 milhões, mas foram adicionados a esse valor R$ 2 bilhões nos últimos meses. Do total de R$ 2,65 bilhões, R$ 1 bilhão será gasto para apoiar a comercialização de parte da safra de soja.

O governo também pretende adotar políticas para sustentar o preço do milho, arroz e algodão, produtos que estão sendo vendidos a preços baixos no mercado interno. O orçamento para 2006 é mais que o dobro do montante que passou pelo caixa da secretaria no ano passado. Em 2005, foram gastos R$ 1,27 bilhão para apoiar a comercialização. "Certamente não foi por falta de recursos para a política agrícola que o ministro (Roberto Rodrigues) decidiu sair. O orçamento deste ano é bom", comentou um técnico da secretaria.

O problema é que em 2005, além de ter recebido um menor volume de recursos, boa parte deles - R$ 600 milhões - foi liberada somente no fim do ano, o que impediu que as políticas adotadas pelo governo dessem resultado. O motivo é simples: quando o dinheiro chegou, os agricultores já tinham vendido a produção por valores que não cobriam os custos de produção. O resultado foi o aumento da dívida de curto prazo do setor, estimado em R$ 30 bilhões. "Em 2006, o dinheiro está melhor distribuído", acrescentou o técnico. Com o dinheiro gasto até agora, o governo apoiou a comercialização de 5,8 milhões de toneladas de grãos.

Já o secretário de Defesa Agropecuária, Gabriel Alves Maciel, correu nos últimos dias para assinar os convênios que garantem o repasse de recursos para Estados, municípios e órgãos privados que desenvolvem, em parceria com o governo federal, as ações de defesa animal e vegetal.

Para a área animal, a secretaria conta com R$ 35,127 milhões. Até sexta-feira, foram repassados R$ 29,58 milhões. A lei eleitoral proíbe o repasse a partir do 1º dia de julho. O ministério dispõe de R$ 33,855 milhões para financiar os convênios nas área animal e vegetal. No ano passado, foram liberados R$ 49,7 milhões.