Título: Impasse será levado para encontro do G-8 na Rússia
Autor: Denise Chrispim Marin
Fonte: O Estado de São Paulo, 02/07/2006, Economia & Negócios, p. B11

O desastre da reunião da Organização Mundial do Comércio (OMC) deste final de semana elevou as apostas em uma possível desobstrução da Rodada Doha durante o encontro de cúpula do G-8, o grupo das sete maiores economias do mundo somado à Rússia, que acontecerá entre os dias 15 e 17 em São Petersburgo. Apesar das resistências de vários segmentos da OMC, a possibilidade de uma discussão política dos entraves comerciais foi acertada há cerca de dez dias pelos presidentes Luiz Inácio Lula da Silva e George W. Bush, num telefonema.

"Há visão de certa decalagem entre o que é discutido em nível mais político e o que acontece aqui, em Genebra", resumiu o ministro das Relações Exteriores, Celso Amorim. "Há também consciência e sentimento crescentes, até mesmo dos que resistiam, de que os líderes mundiais devem assumir um novo papel nessa Rodada."

Alguns membros da OMC reconhecem que é preciso mais envolvimento das lideranças políticas mundiais. Mas duvidam que a cúpula do G-8 seria o espaço adequado. Em especial, porque a anfitriã, Rússia, não é ainda membro da organização.

O outro obstáculo vem do próprio diretor-geral da OMC, Pascal Lamy, que assumiu um novo papel desde ontem, com o fracasso das negociações. Para Lamy, o encontro do G-8 não oferece "uma boa geometria para tratar de problemas de comércio internacional". Entretanto, assim como o lançamento da idéia da reunião de líderes pode ser avaliada como mais uma tática do Planalto e do Itamaraty, para catapultar a imagem de Lula no plano internacional, a transferência da condução da Rodada para outro plano poderia atingir o currículo de Lamy.