Título: Flerte com PMDB causa mal-estar a Alckmin no Rio
Autor: Wilson Tosta
Fonte: O Estado de São Paulo, 22/07/2006, Nacional, p. A5

Minutos após declarar querer o apoio dos eleitores do PMDB, o candidato do PSDB à Presidência, Geraldo Alckmin, ouviu, impassível e sorrindo, uma aliada, a concorrente do PPS ao governo fluminense, Denise Frossard, responsabilizar o governo peemedebista local pela criminalidade e repudiar a eventual aproximação. A cena, carregada de mal-estar, aconteceu ontem no Centro de Convivência Marcelino D'Almeida, entidade de assistência a idosos mantida por um vereador em Padre Miguel, na zona oeste da capital.

A declaração de Alckmin fora parte da estratégia dos tucanos para ter o apoio do ex-postulante do PMDB à Presidência, Anthony Garotinho, que já incluiu um telefonema do ex-presidente Fernando Henrique Cardoso à governadora Rosinha Garotinho (PMDB), mas Denise foi no sentido inverso. "Duvido muito que o PSDB, um partido que tem compromissos muito mais altos, vá se coligar localmente não com o PMDB, mas com isto que está aí, que é um desgoverno e é responsável pela nossa insegurança, pela criminalidade, pela violência e por todos os escândalos que de alguma forma nasceram no palácio", afirmou Denise, deputada e juíza aposentada. Ela falava ao lado de Alckmin, que ouviu tudo calado. Antes, ele negara ter participado de conversas para tentar o apoio de Garotinho, embora fontes do PMDB garantam que ele já se encontrou com o ex-governador.

O tucano, porém, lembrara que já aconteceram conversas partidárias, envolvendo o presidente nacional do PMDB, deputado Michel Temer, e assumira postura cautelosa. "É extremamente deselegante estar conversando através da imprensa", disse. "O PMDB não tem candidato em nível nacional, e nós queremos os votos de todos os peemedebistas. O eleitor do PMDB tem muito mais afinidade conosco do que com o PT."

No PMDB do Rio, reconhece-se informalmente que os tucanos tentaram o apoio de Garotinho, mas as conversas empacaram na exigência do peemedebista de apoio a Sérgio Cabral Filho, candidato a governador pelo partido. Além de apoiar Denise, que é de uma coligação com o PFL e o PV e tem o apoio do prefeito César Maia (PFL), o comando nacional do PSDB tem outro candidato a governador no Estado: Eduardo Paes, do PSDB fluminense. Por isso, Alckmin teve ontem que dividir seu tempo por eventos dos dois candidatos ao Palácio Guanabara.

FUNK

Adversário de Garotinho, Maia não participou de nenhum dos atos de campanha de Alckmin no Rio ontem. Ele também tem rivalidade política pessoal com Paes. Segundo Alckmin, Maia - que já chamou o apoio de Garotinho de "beijo da morte" - não pôde comparecer por ter compromissos como prefeito.

Sempre acompanhado do candidato a vice-presidente, senador José Jorge (PFL-PE), do presidente do PPS, deputado Roberto Freire (PE), e do líder do PFL na Câmara, Rodrigo Maia, filho do prefeito, Alckmin se deslocou para a comunidade Jardim Moriçaba, em Campo Grande, na zona oeste.

Ali, conheceu as melhorias introduzidas pelo Favela-Bairro, programa de urbanização da prefeitura, cumprimentando eleitores acompanhado de cabos eleitorais de candidatos ao som de funk. "Lindo! Lindo! Lindo! É o bonde do Natalino", entoavam alguns jovens, fazendo propaganda de um postulante à Assembléia.