Título: Alta do petróleo ameaça o PIB
Autor: Jamil Chade
Fonte: O Estado de São Paulo, 22/07/2006, Economia & Negócios, p. B9

A manutenção do crescimento da economia mundial pode estar ameaçada. Ontem, a Organização para a Cooperação e Desenvolvimento Econômico (OCDE) indicou que o PIB mundial deve de fato aumentar em 2006 e possivelmente em 2007, mas já lançou um alerta: os altos preços do petróleo, a falta de um acordo na Organização Mundial do Comércio (OMC) e os desequilíbrios nas contas americanas podem afetar de forma dura as previsões do desempenho da economia internacional.

Segundo o secretário-geral da OCDE, Angel Gurria, a questão central é saber se esses riscos vão se materializar e como vão ser acomodados. Ao mesmo tempo em que isso ocorre, americanos e europeus elevam suas taxas de juros, fator que poderia reduzir o ritmo de crescimento da produção mundial. Há poucos dias o Japão elevou as taxas de 0% de juros em anos.

Sobre a questão dos preços do petróleo, que atingiram níveis recordes nas últimas semanas, a preocupação da OCDE é com o impacto sobre a inflação. Quanto ao déficit americano, o impacto poderia ser sentido cada vez mais no dólar.

Para a OCDE, o risco de fracasso nas negociações da OMC pode indicar que o modelo atual terá de ser substituído por outras estratégias. Desde 2001 a comunidade internacional negocia a Rodada Doha, que teria a função de abrir mercados agrícolas e garantir certas vantagens aos países ricos. Gurria acredita que os governos estão mais preocupados em resguardar suas situações domésticas e interesses políticos do que resolver o problema de tarifas aduaneiras e subsídios no sistema internacional do comércio.

O chanceler Celso Amorim chega hoje a Genebra para tentar desatar o nó na Rodada Doha. Também podem ocorrer reuniões bilaterais com os Estados Unidos, que estão sendo pressionados a apresentar uma proposta nova de cortes de subsídios.