Título: Brasileiros estão mais perto dos padrões normais de altura
Autor: Karine Rodrigues
Fonte: O Estado de São Paulo, 22/07/2006, Vida&, p. A32

O peso que reduziu a desnutrição também está ajudando a diminuir um outro indicador no País: o déficit de altura.

Entre o estudo realizado em 1974 e 1975 e a última Pesquisa de Orçamentos Familiares, divulgada ontem e referente a 2002 e 2003, o ganho registrado entre os meninos na faixa etária de 7 anos foi de 6,9 centímetros.

¿Este é um dado superimportante porque a tendência secular é menor. Os países da Europa no século passado cresceram mais ou menos 1 cm por década. No Brasil, foram de 2 cm a 2,5 cm¿, comemora o chefe do Departamento de Nutrição da USP, Carlos Augusto Monteiro, explicando que a melhora na nutrição determina diretamente o crescimento.

Considerando os dados de 2002-2003, 9,8% dos adolescentes brasileiros apresentavam déficit de altura para a idade. Entre as meninas, o desempenho de crescimento foi maior. Apenas 8,3% estavam fora do padrão, ante 11,3% no grupo masculino.

As diferenças regionais, mais uma vez, são significativas: a freqüência do problema é cerca de três vezes maior no Norte e duas vezes maior no Nordeste, em comparação com as regiões Sudeste, Sul e Centro-Oeste.

Não é difícil encontrar crianças desnutridas e conseqüentemente com altura abaixo da média em Manaus, por exemplo. Os primos Maxwel Rodrigues Ramos e Alessandro Rodrigues, ambos de 10 anos, medem respectivamente 1,26 metro e 1,31 metro.

Nas dispensas de suas casas nada de leite, verduras ou frutas, mas há sacos de arroz a feijão. ¿Eu adoro comer carne, não gosto de verdura. Mas também nunca tem em casa¿, conta Maxwel. Alessandro também não tem o hábito de comer verduras.

RENDA E ALTURA

A associação entre a renda e a queda do déficit também é muito estreita nos dados coletados pelo IBGE. Cerca de 20% dos adolescentes apresentam o problema quando a renda é de até meio salário mínimo per capita. Já entre os mais ricos, ou seja, com renda de cinco ou mais salários mínimos, a proporção cai para 4,5%.

¿A estatura final de um indivíduo depende do potencial genético herdado da família e o que a alimentação, o estilo de vida e o meio ambiente vão permitir que ele atinja. O stress social e emocional repercute na estatura, assim como a boa nutrição desde a vida intra-uterina e a atividade física¿, explica o pediatra Nataniel Viuniski, da Associação Brasileira de Nutrologia.