Título: 'Empresa está nas mãos do governo'
Autor: Alberto Komatsu
Fonte: O Estado de São Paulo, 24/06/2006, Economia & Negócios, p. B1

A decisão sobre o futuro da Varig está, agora, nas mãos do governo. O recado foi dado ontem pelo presidente da companhia, Marcelo Bottini. Ele explicou que a bola está com a Agência Nacional de Aviação Civil (Anac), que deverá decidir se aprova ou não a compra da VarigLog pela Volo Brasil, uma condição imposta pela ex-subsidiária de logística para investir na Varig. Em paralelo, a VarigLog já inicia contato com arrendadores de jatos da companhia.

"A bola agora está com o governo brasileiro, que exigiu da Varig uma solução de mercado. A Varig foi lá e cumpriu com sua lição. Agora está nas mãos do governo a solução de uma das empresas mais importantes da aviação aérea no mundo nos últimos 79 anos. É ele, o governo, através da Anac, que vai decidir isso", afirmou Bottini. "Estou plenamente confiante que a proposta da VarigLog será aprovada pela Anac."

Neste fim de semana, executivos da Varig e os administradores judiciais da empresa analisarão detalhes da proposta da ex-subsidiária, que se dispõe a pagar US$ 500 milhões para levar a empresa aérea livre de dívidas. Na quinta-feira, segundo fontes da empresa, o executivo Lap Chan, representante do Matlin Patterson, esteve na Varig, em reunião com a diretoria.

O Matlin é acionista, junto com investidores brasileiros, da Volo Brasil, que controla a VarigLog. Apesar de a compra da VarigLog pela Volo ter sido feita em dezembro, até hoje a agência não aprovou nem vetou o negócio.

Bottini defendeu que a proposta da VarigLog é consistente e disse acreditar que esta será aceita pelos credores.

Durante a entrevista, ele disse que a VarigLog já mantém contato com os donos de jatos da empresa. "Eu diria que essa parte de leasing está equacionada neste momento."

A Varig informou, ainda, que atenderá alternadamente vôos para Nova York e Miami e que apesar da suspensão da câmara da Iata, das 200 companhias estrangeiras filiadas apenas 11 comunicaram que não aceitarão bilhetes da empresa.

Segundo a empresa, a exclusão da compensação da Iata "é temporária e poderá ser revertida, assim que a empresa saldar o débito".

Segundo uma versão extraoficial, não confirmada por Bottini, haveria a possibilidade de a VarigLog injetar US$ 20 milhões no caixa da Varig no curto prazo. Ele cita que os credores vêm colaborando para manter a companhia aérea viva e defendeu que a proposta da VarigLog é interessante. Reconheceu, contudo, que se a Anac não der sinal verde e não aparecer outro investidor, a empresa teria dificuldade em manter as operações da companhia "dentro de um certo tempo".