Título: Repúdio à invasão obtém unanimidade no Senado
Autor: Fabio Graner
Fonte: O Estado de São Paulo, 07/06/2006, Nacional, p. A5

Os senadores repudiaram com ênfase unânime a invasão da Câmara pelos sem-terra. O presidente do Senado, Renan Calheiros (PMDB-AL), sintetizou o sentimento de revolta: "Não se trata de um movimento sem-terra, mas sim de um movimento sem lei, contra a democracia. Eles têm de pagar pelo que fizeram. Essa ação tem que ser tratada como arruaça. Todo mundo tem de ser preso."

O senador Antônio Carlos Magalhães (PFL-BA) chegou a fazer a apologia do regime de 1964 e, ao criticar o presidente Luiz Inácio Lula da Silva, pediu uma ação dos militares: "Onde estão as Forças Armadas? Quero dizer aos comandantes militares: reajam enquanto é tempo, antes que o Brasil caia na desgraça de se tornar uma ditadura sindical, presidida pelo homem mais corrupto que já chegou à Presidência da República." ACM afirmou que os militares estão obedecendo a um "subversivo", numa referência ao ministro da Defesa, Waldir Pires, seu desafeto na política baiana. Ele atacou também o presidente da Câmara, Aldo Rebelo (PC do B-SP), a quem chamou de "covarde" pela reação que considerou tímida aos manifestantes.

O líder do PSDB no Senado, Arthur Virgílio (AM), disse que o grupo responsável pela invasão da Câmara é "tão movimento social quanto o PCC do seu Marcola". Ao enfatizar a participação do petista Bruno Maranhão, ele pediu a punição do manifestante. "Não dá para tratar essa ação como uma travessura do seu Maranhão, mas sim como um gesto de bandido, que afrontou o palácio de o Congresso Nacional", afirmou Virgílio, que fez referência ao fato de o presidente Lula ter vestido o boné do movimento. "Não vamos permitir isso sob pena de o Congresso parecer desnecessário. Isso foi um gesto orquestrado de movimento criminoso."

O líder do PFL, senador José Agripino (RN), indagou se o PT vai punir o dirigente petista que comandou o movimento. "O que vai acontecer diante dos fatos? Será expulso o senhor Bruno Maranhão? Uma ova", disse Agripino. "O presidente Lula vai esperar o assunto esfriar porque o boné do movimento rende votos. Se ele quiser mostrar que estou errado, Lula deve chamar o presidente do PT, Ricardo Berzoini, e exigir a expulsão do senhor Maranhão.

O senador Flávio Arns (PT-PR) criticou a generalização e disse que não aceitar insinuação de que os atos tenham sido incentivados pelo governo e pelo PT: "Nós repudiamos por completo o que aconteceu na Câmara. Mas não se pode generalizar o que alguns fizeram como se fosse obra do PT."

O líder do governo no Senado, Romero Jucá (PMDB-RR), engrossou o coro da reprovação aos atos do movimento e destacou que "as instituições funcionaram" na reação. Já o senador Eduardo Suplicy (PT-SP) também se manifestou contra a ação do grupo e disse que esse não é o caminho para a obtenção de conquistas sociais. "Esse procedimento é totalmente condenável. Tenho expressado aos movimentos sociais que eles serão mais bem-sucedidos se não se caracterizarem pela violência", disse Suplicy.