Título: Acusação pode incluir tentativa de homicídio
Autor: Expedito Filho
Fonte: O Estado de São Paulo, 07/06/2006, Nacional, p. A7

Depois de quase duas horas de negociação, após o final da invasão da Câmara, os integrantes do MLST que invadiram o prédio se renderam. Às 18h11, o diretor da Coordenação de Polícia Judiciária, Alber de Paula, ao lado dos deputados Robson Tuma (PFL-SP) e Moroni Torgan (PSDB-CE), deu a ordem de prisão em flagrante para os 545 manifestantes que ainda estavam nos gramados em frente ao Congresso. Presos e recolhido ao ginásio Nilson Nelson, ficaram sob custódia da Polícia Militar do Distrito Federal para ser identificados.

O delegado Antônio Coelho, titular da 2ª Delegacia de Polícia (DP) de Brasília, informou que 503 são adultos e 42 menores de 18 anos. Segundo ele, os menores passariam a noite na Delegacia de Proteção à Criança e os adultos, no ginásio. Hoje de manhã, todos serão autuados, inclusive os menores, por dano a bem público, formação de quadrilha e, no caso dos maiores, corrupção de menores. O delegado informou, também, que seis integrantes do MLST foram presos como líderes e ouvidos na 2ª DP. Depois, devem ser encaminhados ao presídio da Papuda.

Os que estiveram à frente dos atos de vandalismo podem até ser processados por tentativa de homicídio, danos ao patrimônio público e formação de quadrilha. A identificação dos responsáveis começou ontem mesmo, a partir de imagens e fotos feitas durante a invasão.

Logo depois das cenas de violência, o gramado na frente do Congresso parecia o palco de outra batalha, que por pouco não aconteceu. Para conseguir a rendição dos manifestantes, a Polícia Militar contou com a mediação do deputado João Alfredo (PSOL-CE) . Num clima tenso, a PM, com 400 homens, 100 do Batalhão de Operações Especiais (Bope), já se preparava para usar a força e prender os invasores, como determinara o presidente da Câmara, Aldo Rebelo (PC do B-SP).

Mesmo cercados, os invasores pretendiam resistir à ordem de prisão e sair em passeata pela Esplanada dos Ministérios. Diante da possibilidade de confronto, o deputado procurou o coronel Barbosa, que comandava o esquadrão do Bope, para negociar a rendição pacífica. Às 16h40, João Alfredo ponderou que a prisão de todos os integrantes poderia acabar em confronto. O coronel aceitou a contraproposta de prender só os líderes, mas o diretor-geral da Câmara, Sérgio Sampaio Contreiras, desautorizou qualquer acordo para reduzir o número de presos.