Título: O que o governo poderia fazer, já fez, diz Dilma Rousseff
Autor: Alberto Komatsu
Fonte: O Estado de São Paulo, 07/06/2006, Economia & Negócios, p. B13

O governo já fez tudo o que poderia para colaborar numa solução para a Varig. A avaliação foi feita ontem pela ministra-chefe da Casa Civil, Dilma Roussef, em rápida entrevista antes de participar de evento no Rio. Ela destacou o apoio do Banco Nacional de Desenvolvimento Econômico e Social (BNDES), que vai financiar dois terços da proposta vencedora do leilão da empresa, marcado para amanhã.

"O processo está no âmbito do Judiciário. O que o governo poderia fazer, já fez. O BNDES, por exemplo, se dispõe a financiar dois terços da proposta vencedora", disse a ministra. "O leilão é um momento muito importante nessa situação da companhia, mas é mais importante ainda porque é o primeiro leilão da Nova Lei de Falências."

Segundo Dilma, o único encontro de contas entre governo e Varig é o pagamento de uma cobrança indevida de Imposto sobre Circulação de Mercadorias e Serviços (ICMS) de R$ 1,3 bilhão por parte dos Estados brasileiros, já transitada em julgado. "Com a União, primeiro tem de apurar o que ela perderá, o que ainda não foi julgado em todas as instâncias possíveis. Por outro lado, tem uma série de créditos da Varig com a União", afirmou a ministra, referindo-se aos R$ 4,5 bilhões que a Varig cobra de indenização por congelamento tarifário dos anos 80 e 90 e o que a empresa deve ao governo.

LEILÃO Na véspera do leilão, o número de participantes na disputa ainda é uma incógnita. A estatal portuguesa de aviação TAP, que manifestara interesse em adquirir a parte internacional junto com a doméstica, não deverá apresentar proposta, informa uma fonte que acompanha as negociações. A empresa tem acessado os dados financeiros (data room) da Varig praticamente todo dia, mas a matriz em Lisboa considerou o preço mínimo muito alto.

"Não vejo muito interesse da TAP em fazer proposta. Tenho 99% de certeza de que isso não vai acontecer", afirma um dos interlocutores da TAP junto à Varig. Na opinião da fonte, a empresa aérea OceanAir, do empresário German Efromovich, e o escritório Ulhôa Canto, que representaria o fundo de investimenstos canadense Brookfield, devem ser os únicos candidatos.

Para Efromovich, a compra da Varig representaria a possibilidade de expandir significativamente sua participação no mercado aéreo brasileiro, hoje restrito a 0,64%. A Varig, que já foi a maior do setor, tem 18,8%, segundo dados do Departamento de Aviação Civil (DAC). TAM e Gol, segundo avaliação da fonte, estariam apenas aproveitando o data room para obter dados estratégicos da Varig.