Título: Integrante da CNBB critica Bolsa Família
Autor: José Maria Mayrink
Fonte: O Estado de São Paulo, 11/05/2006, Nacional, p. A8
O arcebispo de Mariana, d. Luciano Mendes de Almeida, membro da Comissão Episcopal para o Mutirão de Superação da Miséria e da Fome da Conferência Nacional dos Bispos do Brasil (CNBB), advertiu que está na hora de o governo aperfeiçoar os programas de transferência de renda no Brasil.
"É preciso, por exemplo, criar mais empregos para quem não tem estudo, dando um passo adiante na distribuição de recursos de programas sociais de emergência, como o Bolsa Família, o Bolsa Escola e o Bolsa Alimentação, que devem ser considerados provisórios", disse d. Luciano, em entrevista coletiva, na Assembléia-Geral dos bispos, em Itaici, município paulista de Indaiatuba.
O arcebispo de Mariana e ex-presidente da CNBB afirmou, com base em dados do governo analisados pelo programa Ação da Cidadania contra a Fome, a Miséria e pela Vida, fundado pelo sociólogo Herbert de Souza, o Betinho, que os programas de transferência de renda estão atendendo a um número de beneficiários superior ao número de pobres.
"Se as famílias pobres somam 11,2 milhões e os benefícios são distribuídos para 13,4 milhões, significa que há famílias que recebem duas bolsas", observou d. Luciano. A solução seria fazer um recadastramento dos beneficiário. É possível também, segundo o arcebispo, que muitas famílias não estejam recebendo as bolsas a que teriam direito.
Esses valores se referem a cinco programas - Bolsa Família, Bolsa Escola, Bolsa Alimentação, Cartão Alimentação e Auxílio Gás. Somados a mais cinco programas - Ponto de Cultura, Benefício de Prestação Continuada, Erradicação do Trabalho Infantil e Projeto Agente Jovem -,o total de famílias atendidas sobe para 17,5 milhões.
"O volume total de recursos investidos pelo governo federal ultrapassa R$ 21,8 bilhões, uma soma fabulosa que socorre cerca 44 milhões de brasileiros, no caso de 13,4 milhões de famílias, ou 70 milhões , no caso de 17,5 milhões de famílias", calculou d. Luciano. São números positivos que, por isso mesmo, têm de ser bem checados para se saber se os recursos são bem aproveitados.
D. Luciano elogiou os resultados obtidos pelo governo na proteção à vida das crianças, no período de 1985 a 2004, quando o índice de mortalidade infantil caiu de 66,5 mortos em cada 1.000 crianças para 26,6 . "Nenhum país do mundo fez isso", observou o arcebispo de Mariana, creditando boa parte do mérito à Pastoral da Criança, coordenada pela médica Zilda Arns, na CNBB, em parceria com o Ministério da Saúde.
O bispo de Jales, d. Demétrio Valentini, presidente da Caritas - programa católico de solidariedade e promoção humana, que está comemorando 50 anos no Brasil - reforçou a necessidade de a Igreja dar ênfase ao campo.