Título: Câmara decide investigar só 16 deputados
Autor: Denise Madueño
Fonte: O Estado de São Paulo, 11/05/2006, Nacional, p. A11

A Mesa da Câmara decidiu investigar 16 deputados por suposto envolvimento em esquema de venda de ambulâncias superfaturadas com recursos do Orçamento da União, revelado com a Operação Sanguessuga da Polícia Federal. A ação resultou na prisão de 48 pessoas acusadas no caso, entre ex-deputados, assessores parlamentares, funcionários do governo federal e empresários.

No grupo dos 16 mencionados no documento da PF como recebedores de dinheiro do esquema e contra o qual a Câmara abriu processo de sindicância, estão o líder do PSB na Câmara, Paulo Baltazar (RJ), e o presidente da Comissão de Fiscalização Financeira e Controle, deputado Isaías Silvestre (PSB-MG). A corregedoria, no fim das investigações, pode inocentar ou concluir pela abertura de processo de cassação contra os parlamentares.

Na mesma decisão tomada ontem foram excluídos 36 deputados que tiveram seus nomes citados na lista da Polícia Federal, mas contra os quais a Mesa não encontrou indícios de irregularidades no documento encaminhado pela PF.

INDEFINIDA

A situação de outros 11 parlamentares será definida depois que a Câmara receber mais informações sobre as investigações em curso na Polícia Federal e na comissão de sindicância da Câmara, criada para apurar envolvimento dos servidores que estariam, segundo a polícia, ligados ao esquema. Nesse grupo estão deputados que tiveram assessores presos ou acusados de recebimento de dinheiro ou sobre os quais há dúvidas.

"A ausência de indícios ou informações consistentes no documento da PF não significa que, havendo novas informações, a corregedoria não vai adotar novas providências", afirmou o presidente da Câmara, Aldo Rebelo (PC do B-SP), ao anunciar a decisão da Mesa.

Nesse limbo ficaram, por exemplo, o deputado Nilton Capixaba (PTB-RO) e a deputada Elaine Costa (PTB-RJ). Dois assessores da parlamentar estão presos, e ela é acusada pela ex-assessora do Ministério da Saúde Maria da Penha Lino de envolvimento no esquema.

O assessor de Capixaba, Francisco Machado Filho, está preso e teve um diálogo gravado com o empresário apontado como um dos chefes do esquema tramando a morte do jornalista do Correio Braziliense que investigava venda de ambulâncias superfaturadas.

O deputado Reginaldo Germano (PP-BA) entrou no grupo dos investigados por ação de Aldo. Segundo o corregedor da Câmara, Ciro Nogueira (PP-PI), o diálogo divulgado pela imprensa, no qual é citada a conta para depósito do parlamentar, não consta do relatório da PF. Aldo, depois da divulgação da gravação, entrou com representação contra o deputado.

Assim que acabou a reunião da Mesa, vários parlamentares procuraram Nogueira, que ainda não divulgara a lista dos enquadrados nos três grupos. Dos 16 que responderão na comissão de sindicância, 4 são do PP, 3 do PTB, 3 do PL, 2 do PSB, 2 do PFL, 1 do PMDB e 1 do PRB.

A comissão é presidida pelo corregedor e tem como relator Robson Tuma (PFL-SP). Farão parte dela ainda Odair Cunha (PT-MG), Givaldo Carimbão (PPS-AL) e um terceiro membro a ser definido por Aldo.