Título: Garotinho é internado, mas greve de fome segue
Autor: Alexandre Rodrigues e Marcelo Auler
Fonte: O Estado de São Paulo, 11/05/2006, Nacional, p. A12

Depois de dez dias em greve de fome, o ex-governador do Rio Anthony Garotinho aceitou ontem a recomendação de seu médico particular, Abdu Neme, e transferiu-se à tarde para um hospital particular da zona norte do Rio. Após deixar a sala da sede regional do PMDB, no centro, onde estava recluso desde o dia 30 de abril, ele afirmou que não vai encerrar o jejum - que classifica como "sacrifício". Diante das câmeras e ao lado da mulher, a governadora Rosinha Garotinho, ele afirmou que pretende continuar sem comer no hospital.

"Eu não tenho como não aceitar a orientação do médico, mas a greve não acabou. Ela só vai acabar quando a Justiça me der direito de resposta ao jornal O Globo e à revista Veja", disse Garotinho, referindo-se às denúncias relacionadas ao financiamento de sua pré-campanha. Um dos pré-candidatos à Presidência pelo PMDB, Garotinho reafirmou que pretende ir à convenção do partido no sábado.

Eram 17h30 quando ele entrou com a mulher numa ambulância do Corpo de Bombeiros sob os aplausos de militantes e rumou em direção ao Hospital Quinta D' Or, em São Cristóvão. Abdu Neme informou que, no hospital, serão tratados os efeitos nocivos do jejum prolongado. O governador, disse Neme, perdeu perdeu 6,2 quilos, mas não será forçado a retomar a alimentação.

"Vamos tratar as intercorrências. Ele continua em greve de fome", disse o médico, contradizendo a entrevista do dia anterior. Na terça-feira, Neme havia declarado que a internação seria, "na prática", o fim da greve de fome. Ele disse ainda que Garotinho precisaria de dois dias no hospital para poder viajar para Brasília no sábado.

Mais cedo, o ex-governador frustrara os militantes reunidos na porta do edifício onde fica o PMDB, que esperavam o anúncio do fim da greve de fome. Garotinho apareceu na janela do oitavo andar e, com um microfone ligado ao carro de som, discursou para os correligionários negando que as empresas que o financiaram sejam de fachada ou que as ONGs ligadas a elas tenham contratos suspeitos com o governo do Estado do Rio. E, mais uma vez, atacou a cúpula governista do PMDB, citando como sabotadores de sua candidatura os senadores Renan Calheiros (AL), Ney Suassuna (PB) e José Sarney (AP) e o deputado Jader Barbalho (PA).

A maioria dos manifestantes foi mobilizada por prefeitos fiéis a Garotinho. Mas, das 5 mil pessoas esperadas, só mil compareceram.