Título: Lucro da Vale chega a R$ 2,1 bi
Autor: Nicola Pamplona
Fonte: O Estado de São Paulo, 11/05/2006, Economia & Negócios, p. B19

A Companhia Vale do Rio Doce (CVRD) anunciou ontem lucro líquido de R$ 2,185 bilhões no primeiro trimestre de 2006. O resultado é 35,3% superior ao registrado no mesmo período do ano passado, refletindo, principalmente, os aumentos de preços dos produtos vendidos pela companhia. Segundo a empresa, as cotações de minérios devem ser manter em alta pelo menos durante os próximos cinco anos, período em que a relação entre oferta e demanda permanecerá equilibrada.

Os reajustes nos preços dos produtos vendidos durante o primeiro trimestre foram responsáveis por um incremento de R$ 2,304 bilhões na receita bruta da companhia no período, que chegou a R$ 8,281 bilhões, valor 17,4% superior ao registrado nos primeiros três meses de 2005. Por outro lado, a empresa, que vende no mercado externo cerca de 80% de sua produção, sentiu de forma negativa a valorização de 21,5% do real frente ao dólar, que reduziu seu faturamento em R$ 1,075 bilhão.

O balanço mostra que a China absorveu 28,1% das vendas de minério de ferro da companhia (17,564 milhões de toneladas), contra os 19,6% registrados no primeiro trimestre de 2005. Em março, o mercado chinês bateu recorde de importações de minério de ferro, informou a companhia, com a compra de 29,5 milhões de toneladas. Segundo a empresa, os estoques chineses do produto permanecem baixos e devem cair ao longo do tempo, reforçando os indicadores de que os preços continuarão em alta.

Em comunicado ao mercado financeiro, a CVRD informou que exportou US$ 2,282 bilhões no primeiro trimestre de 2005, um crescimento de 70,8% com relação ao mesmo período do ano anterior. As exportações líquidas (que deduzem o montante importando e representam o impacto da empresa na balança comercial brasileira) foram de US$ 2,054 bilhões.

Nos primeiros três meses de 2006, a Vale concluiu dois novos projetos, que, segundo a nota, "darão expressiva contribuição para a geração de caixa e criação de valor para a companhia". Trata-se dos módulos 4 e 5 da Alunorte, que ampliaram a capacidade de refino de alumina para 4,4 milhões de toneladas anuais e da usina hidrelétrica de Capim Branco, com capacidade de 240 MW.

O faturamento com os serviços de logística caíram 2,9% no primeiro trimestre frente ao mesmo período do ano passado, alcançando os R$ 704 milhões. A receita do transporte ferroviário para clientes foi de R$ 535 milhões, os serviços portuários somaram R$ 106 milhões e a navegação e os serviços de apoio portuário, R$ 63 milhões.

A empresa fechou o trimestre com uma geração de caixa de R$ 3,753 bilhões, 31,7% a mais do que o verificado no mesmo período de 2005. O resultado financeiro foi negativo em R$ 259 milhões, contra perdas de R$ 274 milhões registradas no primeiro trimestre do ano passado. O endividamento total foi 45% maior, de R$ 6,063 bilhões.