Título: BNDES libera US$ 166 milhões para Varig
Autor: Alberto Komatsu
Fonte: O Estado de São Paulo, 11/05/2006, Economia & Negócios, p. B18

O financiamento do Banco Nacional de Desenvolvimento Econômico e Social (BNDES) para apoiar a reestruturação da Varig aumentou de US$ 100 milhões para US$ 166 milhões. De acordo com o banco, o empréstimo faz parte dos 'esforços do governo na busca de soluções para a questão da Varig'. Os investidores interessados em obter o apoio oficial para investir na companhia aérea terão de formalizar seu interesse até às 18h do dia 15.

Segundo um comunicado do BNDES, o financiamento corresponde a dois terços do empréstimo-ponte de US$ 250 milhões que a Varig receberá para poder fazer girar seu fluxo de caixa. O restante virá do próprio investidor, que deverá ser pré-qualificado pela Agência Nacional de Aviação Civil (Anac) e 'atender a critérios bancários do BNDES', informa a instituição. Também será solicitada uma carta-fiança na quantia correspondente à financiada pelo banco.

O empréstimo-ponte é importante para a Varig poder continuar a operar até o leilão de venda da companhia, que deverá ocorrer em 60 dias, conforme plano de venda aprovado na terça-feira pelos credores da empresa. Isso porque o grande problema da Varig é que ela não fatura o suficiente para cobrir seus gastos.

O BNDES vai financiar os interessados em participar do leilão. Ao receber o dinheiro, o que deve acontecer antes da venda da empresa, o investidor vai repassá-lo à Varig de imediato para ela recompor seu caixa. Quando houver o leilão, daqui a dois meses, o empréstimo do banco oficial será usado para compor a proposta de aquisição da empresa.

Há duas opções para comprar a Varig. Na primeira, chamada de Varig operacional, o preço mínimo é de US$ 860 milhões, com as rotas nacionais e internacionais. A parte comercial e de serviços (Varig relacionamento), herdará o passivo da empresa e permanecerá em recuperação judicial.

Na segunda alternativa (Varig regional), a operação doméstica vale US$ 700 milhões. A internacional ficará com as dívidas e continuará em recuperação judicial. O passivo total da Varig é de R$ 7 bilhões. Ele será amortizado com parte do dinheiro pago no leilão e as receitas das empresas que herdaram as dívidas. Além disso, a Varig espera que a grande amortização venha do 'acerto de contas' entre os débitos públicos da companhia e o que o governo deve à companhia aérea. A Varig dá como certa o ganho de ações judiciais de indenização por defasagem tarifária, no valor de R$ 4,5 bilhões.

Segundo a consultoria Alvarez&Marsal, responsável pelo plano de recuperação judicial, há mais de dez interessados na Varig. Fontes do mercado relatam que entre eles estão empresas como TAM, Gol, BRA, Oceanair e Webjet.

A TAM informou que não se pronunciará enquanto não houver melhor definição do plano de venda. A Gol, por sua vez, 'ainda não avaliou a proposta'. A BRA e a Webjet não comentaram o assunto.