Título: Lula: quem governa não pode blefar
Autor: Alexandre Rodrigues e Felipe Werneck
Fonte: O Estado de São Paulo, 10/06/2006, Nacional, p. A14

O presidente Luiz Inácio Lula da Silva disse que não fará "proselitismo com a economia" por causa da campanha. "Não haverá nenhum gesto que ponha em risco a seriedade da estabilidade da economia e da política fiscal dura por conta da eleição", frisou em discurso no Banco Nacional de Desenvolvimento Econômico e Social (BNDES), no Rio. "Quando a gente é oposição pode gargantear, pode blefar. Quando é governo, a gente só pode fazer o que pode fazer."

Ele cutucou a oposição ao falar sobre os que se queixam do câmbio. Brincou que sua sala virou sacristia, com pedidos dos que querem o dólar mais alto ou mais baixo. Lula comemorou a pesquisa da Fundação Getúlio Vargas que aponta crescimento de 14,1% na renda dos mais pobres, o que atribuiu aos programas do governo, numa demonstração, disse, de que é possível gastar no social sem abrir mão de uma política fiscal séria. "A política social forte dá resultado. Mesmo que as pessoas falem contra, um dia ela aparece. Se uma pessoa toma café da manhã, almoça e janta todo dia, por mais desnutrida que esteja, um dia vai aparecer gordinha."

Citou estimativa de que 94% das crianças do Bolsa Família comem três vezes ao dia e contou que está perto da meta de que todo brasileiro possa fazer três refeições diárias. "Vai acontecer porque paramos de ver algumas asneiras historicamente ditas neste país, de que cuidar de pobre é gasto. Era proibido cuidar de pobre", disse, de novo provocando a oposição.

Mais tarde, ao falar a agentes mata-mosquitos, em Paracambi, Lula voltou ao tema, afirmando que a oposição erra ao classificar seus programas sociais como gastos. "Eles gastam dinheiro com os pobres. Eu não gasto, eu invisto nos pobres."