Título: Conflito envolve corrente que hoje representa 1% do PT
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Fonte: O Estado de São Paulo, 10/06/2006, Nacional, p. A19

Há 20 anos O Trabalho foi a escola política dos ex-ministros Luiz Gushiken e Antonio Palocci, e também de Clara Ant, graduada assessora do Palácio do Planalto. Com o nome de Liberdade e Luta, teve importância entre os estudantes que combatiam a ditadura militar e também entre bancários e professores. Antes da divisão de 2006, O Trabalho reunia algumas centenas de militantes e recebia 1% dos votos em encontros do PT.

O presidente Hugo Chávez é visto de forma distinta entre os dois grupos. Serge Goulart defende um apoio amplo ao presidente da Venezuela e é um crítico duro do presidente Lula, a ponto de admitir uma ruptura com o governo do PT, "a menos que ocorram mudanças substanciais em sua política".

O líder da outra fatia, o economista Markus Sokol, também se coloca como oposição a Lula. Mas tem tanta disposição de continuar no PT que será candidato a deputado federal.

Sokol acha que Chávez deve ser apoiado em sua luta "antiimperialista", mas mantém posição mais distante. Diz que o financiamento do governo venezuelano à fábrica de Joinville não teria ocorrido "se o governo Lula tivesse assumido sua responsabilidade e estatizado a fábrica". Goulart foi acusado pelos adversários de "subordinar a política aos interesses comerciais de uma fábrica", mas repele a afirmação, dizendo que é um "argumento de quem não tem argumento político".

O grupo de Sokol decidiu continuar com o nome O Trabalho. Já o de Serge Goulart adotou o nome de Corrente O Trabalho do PT (Maioria).